Sem eclusas, Vale empurra Alpa com a Barriga


A conta da reestruturação que a Vale promove nos últimos meses chega à siderurgia. Na virada do ano, o responsável pelo setor, Aristides Corbellini, deixou o cargo. A mudança faz parte de um processo de enxugamento na área de produção de aço da mineradora. Nesse redesenho, a vaga de diretor global de siderurgia deve desaparecer. Os investimentos passam a ser divididos entre as diretorias executivas de Ferrosos e Estratégia e de Implantação de Projetos de Capital.
Nos bastidores, fontes afirmam que as demissões nesse departamento chegam a 40 profissionais. Mas Corbellini não perde totalmente o vínculo com a Vale. O executivo continua como representante da mineradora no conselho de administração da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), empresa que presidiu.
Com a reestruturação, o atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, vai cumprindo a promessa feita quando assumiu o cargo, em 2011, de centrar esforços em mineração, tendo o megaprojeto de Serra Sul, no Pará, sob os holofotes.
A explicação para o enxugamento está na perda de importância dos projetos siderúrgicos nos planos de crescimento da Vale. Em meio a um grande excedente de aço no mundo, a companhia decidiu pisar no freio. A mudança de estratégia tem sido feita com cautela. No passado, a falta de investimentos no setor motivou um embate entre o governo federal e o ex-presidente da Vale Roger Agnelli.
Para tentar um armistício com o Planalto, o executivo incluiu quatro projetos de usinas no orçamento de 2010. Desses, apenas um foi concluído: a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), sociedade com a ThyssenKrupp, que quer vender a sua fatia diante do momento difícil do setor. Outros dois não avançaram: o da Companhia Siderúrgica do Ubu (CSU), no Espírito Santo, e o da Aços Laminados do Pará (Alpa). O único que segue adiante é o da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, em obras.
Dentro do governo do Pará, cresce o ceticismo com o projeto da Alpa, segundo uma fonte. Enquanto o governo federal não dá jeito de tirar do papel a hidrovia do Tocantins, vital para a logística da usina, a percepção é que a Vale empurra a Alpa com a barriga e centra seu poder de fogo na usina de Pecém.
Até agora não se ouviu grita do governo Dilma Rousseff em reação ao desinteresse da Vale em siderurgia, setor que sofre uma severa crise ao acumular uma capacidade excedente global de 500 milhões de toneladas. Segundo fontes, o diálogo entre Ferreira e a presidente é bom. Na última quinta-feira (10), o presidente esteve em Brasília para um encontro com Dilma Rousseff.(Sistema de Notícias com Agências)

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