Trabalhadores ugetistas aplaudem discurso de Lula no Anhembi

SÃO PAULO
ROBERTO BARBOSA

A visita do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ao Centro de Convenções do Anhembi, onde está ocorrendo o 2º Congresso Nacional da UGT, foi considerada o ponto alto do evento na manhã desta sexta-feira. O local ficou absolutamente lotado de líderes sindicais ugetistas de todo o Brasil que queriam ouvir o que Lula iria dizer e, à unanimidade, todos disseram que ele ainda “fala como presidente”.
Aclamado, Lula fez um retrospecto de seu governo, defendeu o programa “Bolsa Família”, disse que em seu governo o salário mínimo avançou em torno de 62%, e que conseguiu fazer com que os pobres tivessem vez no Brasil, tanto assim que criou o crédito consignado, dando de garantia o contracheque dos trabalhadores, “porque antes, banco não emprestava pra pobre porque não tinha garantia alguma de receber a dívida. Hoje, pobre anda até de avião e eu encontrei com vários deles em Buenos Aires, na Argentina. Conseguimos tirar milhares de cidadãos do estado de miséria para uma vida mais digna, bem como, muitos pobres ascenderam à classe média”. E lembrou que, embora sendo um ex-presidente que não tinha curso superior, criou inúmeras universidades por todo o Brasil.
Por fim, o ex-presidente disse ser importante a participação dos trabalhadores na vida sindical, lembrando que na questão do trabalho aos domingos, ele defendeu que seria possível, desde que houvesse uma livre negociação com os sindicatos e um acordo coletivo. Segundo o ex-presidente, quando os sindicatos estão nas negociações, há menos chances de ocorrerem erros. Ao final, repetiu o velho bordão de que “nunca na história deste país” os trabalhadores tiveram tanta vez e voz como o têm agora e parabenizou ao presidente da UGT, Ricardo Patah, pela iniciativa de reunir todos os trabalhadores ugestistas do Brasil em um congresso na cidade de São Paulo.
Ao final de sua participação, o ex-presidente foi ovacionado pela multidão presente no Centro de Convenções do Anhembi, inclusive, pulando do palco para o meio do povo que queria apertar sua mão e com ele fazer fotos. O ex-presidente também foi homenageado pelos índios da tribo Carajás, que tem ligação direta com a UGT e está participando do congresso em São Paulo.
Sobre a presença de Lula, sindicalistas paraenses se reportaram falando da importância de o ex-presidente ter feito, por ocasião do Congresso da UGT, o “resgate do que fez em seus oito anos de governo”, bem como, sua volta às origens no mundo sindical. Segundo o presidente da UGT-Pará, José Francisco Pereira, o ex-presidente “mostrou que está disposto a continuar ao lado dos trabalhadores e que não desiste de manter a performance de grande estadista”.
José Barros, presidente do Sindicato da Construção Pesada do Estado do Pará, falou que “Lula tem muita popularidade e continua, na opinião do povo, a governar este país, a falar como presidente da República em função de sua popularidade”.
José Ribamar Santos, da Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviço dos Estados do Pará e Amapá – Fetracom, declarou ter considerado a visita de Lula de fundamental importância para o congresso da UGT por causa de sua larga experiência e por ter sido feito um balanço dos seus oito anos de governo. Segundo o sindicalista, nesse governo da era do PT, as propostas dos trabalhadores e das centrais sindicais foram ouvidas e, o mais importante, há a possibilidade de que a presidente Dilma Rousseff venha a continuar esse trabalho, daí ter ele prometido que, certamente, “as coisas serão muito melhores”.
Por fim, o presidente da Federação dos Trabalhadores Rodoviários – Fetroviária, Vic Cidade, declarou que Lula fala como estadista, porém, precisa lembrar que não é mais o presidente.

Dora Kramer condena o fisiologismo no governo durante congresso

SÃO PAULO
Roberto Barbosa

A jornalista Dora Kramer, colunista nacional da área política, é uma das palestrantes convidadas do 2º Congresso Nacional da UGT, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. Em sua apresentação nesta sexta-feira, falando cerca da agenda democrática, ela disse que ocorreram muitos avanços em todos os setores da sociedade nos últimos anos, mas que, o Brasil está esbarrando no fisiologismo partidário que acaba por inviabilizar qualquer governo em função da corrupção que se estabeleceu neste país.
Kramer disse que depois da ditadura militar estabelecida em 1964, o Brasil passou por vários momentos, como a Assembleia Nacional Constituinte, as eleições de presidentes da República, um impeachment presidencial (de Fernando Collor de Melo), o fim da dívida externa com o FMI, a estabilidade econômica, o fim da inflação, manifestações culturais e sociais, etc. Houve muitos crescimentos até a eleição de um presidente da esquerda. Contudo, chegou uma época, lembrou a jornalista, que os brasileiros tiveram de conviver com a inflação, mas, chegaram à conclusão de que, ou acabavam com ela, ou ela acabava com o Brasil. Pois bem, “com o fisiologismo está acontecendo a mesma coisa”. O governo está ficando, a cada dia, mais desacreditado por causa da corrupção. Assim, se faz necessário que o governo tome um posicionamento por firmar seu programa de governo sem se deixar influenciar pelas interferências partidárias, pois os representantes dessas siglas é que tem se corrompido em detrimento dos grandes projetos para a sociedade que acaba perdendo em todos os sentidos.
É por causa disso, falou Dora Kramer, que a reforma política tão falada, tão comentada, não anda, não sai do projeto. Um outro ponto debatido pela jornalista é com relação a uma reforma política em que se discuta não a obrigatoriedade, mas sim, o fato de o voto ser facultativo, uma mudança no sistema eleitoral. Dora diz, por fim, que todos esses assuntos, avanços e atrasos que emperram a nação, fazem parte da agenda democrática e política que precisa ser seguida e que os trabalhadores estão diretamente envolvidos neste contesto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MP recebe dossiê contra o presidente da Câmara de Vereadores de Tomé-Açu

Eleição em Abaetetuba poderá ter um terceiro turno

Povo esquecido e abandonado no Tapanã