Dilma é afastada por seis meses
BRASÍLIA
Agência Brasil com Sistema de Notícias
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Temer passa a governar o país, no lugar de Dilma Rousseff/Fotos Públicas |
O Senado aprovou esta manhã, por 55
votos a favor e 22 contra, a admissibilidade do processo de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff. Não houve nenhuma abstenção e dois senadores não
compareceram alegando estarem adoentados. Com isso, o processo será aberto no
Senado e Dilma será afastada do cargo por até 180 dias, a partir da notificação,
mantendo alguns direitos, entre eles, o salário integral de mais de R$ 30 mil. Os
senadores votaram no painel eletrônico. Não houve abstenções. Estavam presentes
78 parlamentares, mas 77 votaram, já que o presidente da Casa, Renan Calheiros,
se absteve.
Estiveram ausentes os senadores Jader
Barbalho (PMDB-PA) e Eduardo Braga (PMDB-AM). Pedro Chaves dos Santos (PSC-MS),
suplente do senador cassado Delcídio do Amaral, decidiu não assumir ainda o
cargo.
A sessão para a votação durou mais de 20
horas. Durante o dia, dos 81 senadores, 69 discursaram apresentando seus
motivos para acatar ou não a abertura de processo contra Dilma.
Comissão Especial
Com a aprovação de hoje, o processo
volta para a Comissão Especial do Impeachment. A comissão começará a fase de
instrução, coletando provas e ouvindo testemunhas de defesa e acusação sobre o
caso. O objetivo será apurar se a presidente cometeu crime de responsabilidade
ao editar decretos com créditos suplementares mesmo após enviar ao Congresso
Nacional um projeto de lei para revisão da meta fiscal, alterando a previsão de
superávit para déficit. A comissão também irá apurar se o fato de o governo não
ter repassado aos bancos públicos, dentro do prazo previsto, os recursos
referentes ao pagamento de programas sociais, com a cobrança de juros por parte
das instituições financeiras, caracteriza uma operação de crédito. Em caso
positivo, isso também é considerado crime de responsabilidade com punição de
perda de mandato.
Um novo parecer, com base nos dados
colhidos e na defesa, é elaborado em prazo de 10 dias pela comissão especial. O
novo parecer é votado na comissão e, mais uma vez, independentemente do resultado,
segue para plenário.
A comissão continuará sob comando do
senador Raimundo Lira (PMDB-PB) e a relatoria com Antonio Anastasia (PSDB-MG),
partidos que também têm interesse no afastamento da presidente petista Dilma
Rousseff.
Embora o Senado não tenha prazo para
concluir a instrução processual e julgar em definitivo a presidente, os membros
da comissão pretendem retomar os trabalhos logo. A expectativa de Lira é que
até sexta-feira (13) um rito da nova fase esteja definido, com um cronograma
para os próximos passos.
Ele não sabe ainda se os senadores vão
se reunir de segunda a sexta-feira, ou em dias específicos e nem se vão incluir
na análise do processo outros fatos além dos que foram colocados na denúncia
aceita pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afastado
do cargo acusado de corrupção. A votação dos requerimentos para oitiva de
testemunhas e juntada de documentos aos autos deve começar na próxima semana.
Presidente do STF
Na nova etapa, o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, passa a ser o presidente do processo,
sendo também a última instância de recursos na Comissão Processante. “O
processo volta para a comissão, sendo que a instância máxima será o presidente
do STF. Se houver alguma questão de ordem que eu indeferir, o recurso será
apresentado a ele. Ele passa a ser o presidente do julgamento do impeachment”,
explicou o presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB).
Afastamento
Com a abertura do processo no Senado,
Dilma Rousseff é afastada do exercício do cargo por até 180 dias. A presidenta
poderá apresentar defesa em até 20 dias. O vice-presidente Michel Temer assume
o comando do Executivo até o encerramento do processo. A comissão pode
interrogar a presidente, que pode não comparecer ou não responder às perguntas
formuladas.
Intervenção
Há a possibilidade de intervenção
processual dos denunciantes e do denunciado. Ao fim, defesa e acusação têm
prazo de 15 dias para alegações finais escritas.
Plenário
Depois que a comissão votar o novo
parecer, o documento é lido em plenário, publicado no Diário do Senado e, em 48
horas, incluído na ordem do dia e votado pelos senadores. Para iniciar a sessão
são necessários mais da metade dos senadores (41 de 81). Para aprovação, o
quórum mínimo é de mais da metade dos presentes.
Se o parecer é rejeitado, o processo é
arquivado e a presidenta Dilme Rousseff reassume o cargo. Se o parecer é
aprovado, o julgamento final é marcado.
Recursos
A presidente da República e os
denunciantes são notificados da decisão (rejeição ou aprovação). Cabe recurso
para o presidente do Supremo Tribunal Federal contra deliberações da Comissão
Especial em qualquer fase do procedimento.
Decisão final
Na votação final no Senado, os
parlamentares votam sim ou não ao questionamento do presidente do STF, que
perguntará se Dilma Rousseff cometeu crime de responsabilidade no exercício do
mandato.
As partes poderão comparecer
pessoalmente ou por intermédio de seus procuradores à votação. Para iniciar a
sessão é necessário quórum de 41 dos 81 senadores. Para aprovar o impeachment
é preciso maioria qualificada (dois terços dos senadores), o que equivale
a 54 dos 81 possíveis votos.
Se for absolvida, Dilma Rousseff volta
ao cargo e dá continuidade à sua gestão. Se for condenada, Dilma é destituída e
fica inabilitada para exercer função pública por oito anos. Michel Temer,
então, assume a presidência do país até o final do mandato.
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