Povo esquecido e abandonado no Tapanã

Roberto Barbosa

Estive ontem trafegando pelas ruas do bairro do Tapanã, na periferia de Belém. Fazia algum tempo que não andava por aquelas bandas e fiquei estarrecido de ver a situação em que vivem os pobres moradores locais. Eles estão esquecidos, abandonados pelo poder público.
Fico imaginando esse bando de campanhas disso, campanhas daquilo, bilhões liberados para isso, bilhões para aquilo; fico lembrando desses programas draconianos de partidos políticos que invadem nossas casas quase todos os dias, sobretudo no horário nobre, durante os telejornais, falando mil e uma coisas que seriam ideais para a população.
Não vi nada disso posto em prática no Tapanã.
Não é o povo, ali, que é a vergonha. A vergonha é do poder constituído que deveria melhorar a situação na área, mas nada faz.
Vocês lembram que aonde se junta lixo, podridão de toda espécie, é para lá que convergem ratos, baratas, cobras e toda sorte de bichos peçonhentos? E com eles as doenças?
Pois bem, no Tapanã, a população honesta, trabalhadora, que depende de ônibus, vans e moto-táxi, tem de conviver, na prática, com esses bichos, aos quais se somam os marginais, bandidos que estão sempre à espreita para atacar a todos sem nenhuma cerimônia, seja de dia, noite ou madrugada. O lugar é propício para esses seres “peçonhentos”, afinal, as ruas, tão intransitáveis, não dão condições para que o carro da Polícia entre e corra atrás deles. Idem para as ambulâncias irem buscar pessoas que realmente necessitam com urgência de atendimento médico. O local também é propício para incêndios – em face de casebres feitos com sobras de materiais, de madeira -, porém, o carro de bombeiros, certamente, irá atolar antes de chegar ao foco de um sinistro que pode tomar grandes proporções e deixar dezenas de famílias desabrigadas.
A Prefeitura de Belém, bem que poderia tomar providências de melhorar aquelas ruas. Tenho certeza que asfaltar uma por uma não é tão fácil. Talvez faltem verbas para isso, mas, melhorar as ruas, dá pra fazer. Por que não se cuida disso?
E olhem que estamos chegando a tempos de eleições.
Lá se vão os candidatos a vereador e prefeito, prometerem mundos e fundos, inclusive nas ruas do Tapanã sempre abandonado. Mas para quê votar, se, depois de eleitos, eles viram as costas?
Quando eu trafegava pelo bairro, ontem, sob chuva, confesso que fiquei com medo. Fiquei com medo de atolar o carro, ter de sair para retirar da lama e ser atacado pelos bandidos. Nessas horas, eles se aproveitam, mas a Polícia some; fiquei com medo de estragar o carro, porque as crateras são imensas e, a cada uma delas, transpor, é sinal de vitória.
Os ônibus do bairro, embora haja uma empresa grande a explorar a linha, custam a passar, principalmente aos domingos e feriados à noite. Os moradores me contam que, para chegar ao serviço de manhã cedo, são obrigados a madrugarem e, para voltarem, passam horas a esperar por uma condução que não se sabe a que horas vai passar. O ônibus, ao chegarem ao fim da linha, os passageiros ainda têm longa pernada. Por medo de assalto, tomam um serviço de moto-taxi, mas o gasto é grande. O que ganham, vai mais no transporte. Ô vida sacrificada!

SALADA

º O final de semana foi todo de chuvas em Belém.

º Isso fez jus ao nome carnavalesco do domingo: Domingo Magro.

º Pronto Socorro Municipal continua um verdadeiro caos. Misturam-se as pessoas vítimas de acidentes com as que sofrem males comuns e que não têm para onde correr.

º Esses pacientes não sabem se é melhor esperar pela morte sofrendo em casa, ou nos corredores – nada cheirosos – do PSM.

º Ainda hoje morrem pessoas naquela unidade hospitalar, porque esperaram demais para seus atendimentos, enquanto os médicos estavam ocupados com os chamados “casos mais graves”.

º Violência na Sacramenta é tremenda. A criminalidade ali faz com que as pessoas fiquem atrás das grades, no lugar dos bandidos.

Comentários

Blog do Nazo disse…
É isso aí, amigo! Sou morador deste bairro há seis anos, mas ainda não acostumei com o constante estado de abandono e decaso. Até parece que aqui não há eleitores, pior, seres humanos que pagam impostos, trabalham arduamente para bancar toda essa estrutura. É revoltante constatar que a gente paga tanto impostos e só vês as benfeitorias nos Conjuntos, nos bairros centrais, ou seja, a nossa grana só serve para financiar saneamento para as elites de Belém. O cúmulo do absurdo foi quando a PMB colocou um outdoor fazendo propaganda das obras em outras partes da cidade, na Vila da Barca, na Duque, o asfalto dos conjuntos, etc... Foi como se o FDP do DUDU dissesse: "estão vendo, seus otários, as obras chegam aos outros bairros, mas vcs vão ficar só chupando os dedos..." Vivo contando os dias para vender a minha casa e ir embora daqui, pois assim não dá mais!
Unknown disse…
infelizmente o povo gosta de receber benefícios,mais e preciso que a população fique unida e procure através dos governantes que os mesmos elegeram os benefícios para o bairro do tapanã

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