providências
para identificação e
prisão dos matadores
de pescadores de Ulinanópolis
para identificação e
prisão dos matadores
de pescadores de Ulinanópolis
A
deputada Bernadete ten Caten, PT-Pa tomou conhecimento ontem cedo do bárbaro
assassínio de que foram vítimas os pescadores paraenses Antonio Carlos Pereira
de Sousa, de 33 anos, e Bianor Ricardo dos Santos, 34, na estrada da “Caça
Taca”, às proximidades da fazenda do pecuarista Zandino Uliana, no município de
Ulianópolis, no sudeste do Pará. As vítimas foram executadas a bala, por pistoleiros,
e tiveram seus corpos queimados, tendo sido encontrados anteontem, segundo
disse o delegado Joazil Serrão, da delegacia local. O crime é registrado há
poucos dias em que a parlamentar deu entrada com um requerimento na Assembleia
Legislativa do Estado solicitando do procurador geral de Justiça do Ministério
Público Estadual, providências em relação à falta de segurança em nosso Estado.
No documento, ela historia fatos recentes não apenas na região dos Carajás, que
está totalmente abandonada pelo sistema de Segurança Pública, como também, se
reporta aos fatos lamentáveis que ocorrem sobretudo na Grande Belém, onde
várias pessoas têm sido mortas por motoqueiros que usam seus capacetes para se
esconderem, matam e fogem sem serem jamais identificados. O modus operandi é
sempre o mesmo, relata.
No caso de Ulianpópolis, este não
foi o primeiro caso de violência nessa área. Em setembro de 2009, a tiros, foi
assassinado o também pescador Raimundo Nonato Alves Arruda, um maranhense de 44
anos.
Em ambos os casos, as vítimas
saíram para pescar perto de um criadouro particular pertencente ao pecuarista
Zandino Uliana que, segundo seu filho, Renato Uliana, encontra-se em tratamento
de saúde fora do Pará há cerca de quinze dias. O filho do pecuarista nega qualquer
envolvimento de sua família com o caso e que o crime tenha ocorrido no interior
de sua propriedade.
De acordo com a deputada
Bernadete, “nosso mandato vai cobrar das autoridades deste Estado que este fato
seja apurado, que os criminosos sejam identificados e presos, sejam quem forem.
Estamos cansados de ver injustiças, com pessoas indefesas, pobres, sendo
assassinadas”.
Além de se pronunciar no plenário
da Assembleia Legislativa do Estado acerca desse fato e de vários outros que já
aconteceram e continuam acontecendo nas regiões sul e sudeste do Pará, a
deputada Bernadete pede em seu requerimento a intervenção do governo no sentido
de se colocar um ponto final nessas histórias de impunidade, onde quase nunca
os mandantes dos crimes são realmente identificados e, tampouco, julgados para
pagarem pelos crimes cometidos.
Bernadete se disse assustada com
tamanha violência e, para ela, o caso ocorrido nesse fim de semana a onze
quilômetros da sede do município de Ulianópolis foi “uma tragédia”.
Ela também se solidariza com as
famílias de Antonio Carlos e Bianor, nas pessoas das esposas, as senhoras
Gilverleide Silva e Marilene de Sousa Santos, prometendo que usará a tribuna
para denunciar os fatos e cobrar providências enérgicas.
REQUERIMENTO
No documento encaminhado, semana
passada, à mesa diretora da ALEPA, a deputada Bernadete salienta que “matéria
publicada no Jornal “Correio do Tocantins” no dia 07 de fevereiro deste ano
mostra o total abandono por parte do governo do Estado na região do Carajás.
Mas, nobres colegas, os fatos se repetem por todo o nosso Estado conforme fatos
divulgados por todos os meios de comunicação, sobretudo da Grande Belém, onde,
também, recrudesceram os índices de violência, com dezenas de assassinatos,
sobretudo na periferia, cometidos muitas vezes com o mesmo modus operandi, onde
homens escondidos pelos capacetes de segurança das motos, se aproveitam dos
equipamentos para executarem suas vítimas e fugirem sem ser importunados,
identificados e presos, na maioria dos casos, caminhando para o rol dos
chamados crimes insolúveis, porém, atribuídos pela Polícia ao tráfico de
entorpecentes.”
Ela
diz ainda que “tamanho é o índice de violência em nosso Estado e, em especial,
no sul e sudeste do Pará, que a Secretaria de Estado de Segurança Pública,
ressuscitou a antiga Divisão de Crimes Contra a Pessoa hoje chamada Divisão de
Homicídios da Polícia Civil. A taxa de homicídios na região de Carajás é duas
vezes maior do que a do Estado de Rio de Janeiro (33 por 100 mil) e seis vezes
a de São Paulo (11/100 mil). Os homicídios em Carajás também superam Honduras,
o país mais violento do mundo, que teve 58 assassinatos para 100 mil habitantes
em 2008.
Para
termos uma ideia da gravidade, só em Marabá foram registradas 441 mortes
violentas durante todo o ano passado, sendo: 175 vítimas de arma de fogo, 93 de
acidentes de transito, 55 de arma branca e 17 pela ação de objetos contundentes
(como paus, por exemplo.)
A
estatística, divulgada pela direção do Centro de Perícias Científicas (CPC)
¨Renato Chaves¨, apresenta a cidade de Marabá com números superiores aos
observados nos outros 26 municípios de abrangência do órgão. A segunda colocada
no ranking da insegurança foi Parauapebas, com 197 mortes e a terceira,
Itupiranga, com 59. A
soma de todos os municípios é de 933 cadáveres de cidadãos que sofreram algum
tipo de violência.
Um
dado estarrecedor é a falta de prioridade dada pelo governo estadual na
estruturação do quadro de pessoal conforme nota do jornal. Atualmente são 17
peritos quando o número ideal seria de 35, ou seja, menos da metade.
Esses
altos índices de homicídios mostram que o governo paraense não garante
condições de gerir apropriadamente todo o seu território. Toda essa violência é
um sintoma da ausência do Estado nesta região que, no ano passado, tentou se
emancipar para se transformar no Estado de Carajás. Precisamos, agora, cobrar
que o Estado se faça presente no Estado como um todo, e não apenas na Região
Metropolitana, onde, temos certeza, os problemas também são enormes, causando
grandes sofrimentos à nossa população.
Aproveito
para resgatar dados de que desde 1996, todos os anos, o Pará é o campeão
absoluto em assassinatos no meio rural. Nesses 15 anos, das 555 mortes no campo
registradas em todo o país, 231 (41,6%) ocorreram no Pará, segundo relatórios
da CPT (Comissão Pastoral da Terra). O Estado também está no topo do ranking de
ameaças de morte, com pelo menos 30 camponeses “jurados” de morte ao longo do
ano”, pontua a parlamentar questionando: “Qual o compromisso do governo para
acabar com a violência se diante desse quadro a DECA de Redenção e de
Paragominas foram fechados? A DECA de Marabá está esvaziada e estão tirando
pessoas.
Na
região Sul e Sudeste o governo anterior inaugurou novas delegacias e até hoje a
Delegacia de Cumaru não foi inaugurada conforme requerimento encaminhado em
2010.
De
2009 para 2010, o número absoluto de ocorrências policiais registradas no
Estado do Pará cresceu de 310.204 para 430.916, e o número de ocorrência para
cada grupo de 100 mil habitantes evoluiu de 4.160 para 5.789, representando um
aumento em torno de 39% no período em análise.”
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