Imissão de posse determinada pela Justiça coloca funcionários da BBF em posição de choque

 Aproximadamente cinco mil funcionários da


empresa Brasil Bio Fuels Reflorestamento, Indústria e Comércio S/A (BBF RIC) estão receosos em perder suas casas, bem como, de seus postos de trabalho em fazendas onde estão empregados. A confusão, que recrudesceu nesta quinta-feira, 21, começou quando os manifestantes ficaram sabendo que o juiz Silvio Cesar dos Santos Maria, da 15ª Vara Cível da Capital, enviou carta precatória para o Juízo da Comarca de Tomé-Açu, determinando que a empresa Sapucaya Indústria e Comércio de Madeiras Ltda ME tome posse das fazendas Sapucaya I, Sapucaya II, Sapucaya III, Tomé-Açu e Brasileira, que totalizam 21.780 hectares.

Essas fazendas estão na posse da BBF, que as adquiriu legalmente, com registro em cartório, da empresa Biopalma da Amazonia S.A. Reflorestamento Indústria e Comércio que, por sua vez, já as havia adquirido da Vale S.A., empresas estas que foram alvo da ação da Sapucaya em outubro de 2020. As informações que circulam e que deixaram os trabalhadores e suas famílias revoltados, é que todo mundo será retirado a qualquer momento. Segundo informações procedentes de Tomé-Açu está muito difícil controlar os revoltosos, haja vista que todos receiam perder seus empregos e suas moradias, onde estão estabelecidos há anos com suas famílias.  

Os manifestantes já tomaram as fazendas no intuito de impedir a imissão de posse que consideram irregular e que coloca em risco a vida financeira de cinco mil famílias residentes na região de Tomé-Açu. Há um receio entre a comunidade local, especialmente, na classe política de um "novo Eldorado dos Carajás".

Há leis Federal e Estadual que impedem quaisquer ações desse gênero até o mês de outubro em decorrência da decisão do Ministro de STF Luis Roberto Barroso referente a ADPF – que impede a desocupação ou remoção coletiva, uma vez se estar em ano de eleição e pandêmico. Estranhamente, o juízo da 15a Vara Cível da Capital determinou que a posse seja feita de forma imediata.


HISTÓRICO

A BBF é uma empresa produtora e beneficiadora de Palma de Dendê, fruto produzido em diversas fazendas localizadas nos municípios de Tomé-Açu, Acará, Concórdias do Pará e Moju. No entanto, os polos produtores de Tomé-Açu e Acará são constantes alvos de vândalos liderados por indígenas e quilombolas com influência política na região, que promovem invasões das fazendas para furtos de toneladas de frutos de dendê fresco, roubo de equipamentos, saques das sedes administrativas do empreendimento, além dos incêndios criminosos em máquinas, equipamentos e estrutura físicas, ameaças a funcionários, entre outros crimes que são quase que diariamente comunicados à polícia com pedidos de providências que, também estranhamente, até então, não foram adotadas, fato que levou a Tomé-Açu, em abril deste ano, o ouvidor agrário do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Desembargador Mairton Marques Carneiro, que tentou fazer uma espécie de mediação entre as partes, determinou que a polícia agisse ao rigor da lei, todavia, os roubos/furtos e ameaças continuam até hoje, com registros feitos nas delegacias de polícia de Tomé-Açu, Quatro Bocas e Acará, narrando crimes dos mais diversos.

A direção da empresa diz temer que, em razão de toda essa situação, que já deixou em pé de guerra os seus funcionários, algo de mais grave venha a sujar de sangue a região, já que todas as partes estão com os nervos à flor da pele. E parece que poderá ocorrer um segundo Eldorado dos Carajás. O clima está muito tenso na região.

A reportagem tenta contato com o Comando Geral da Polícia Militar, bem como, com a Delegacia Geral da Polícia Civil, mas ainda não obteve retorno

Imagens: Reprodução/Redes Sociais

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