Comandante do Batalhão de Polícia de Tomé-Açú, prende motorista em flagrante por corrupção
Geraldo de Almeida foi apresentado à delegada Ewerlanny Lays Silva Felismino, da Delegacia de Polícia Civil do distrito de Quatro Bocas, em Tomé-Açu, que autuou o acusado em flagrante delito por crime de Corrupção Ativa ao funcionário público militar, no caso, o Comandante do Batalhão da Polícia Militar do Município de Tomé-Açú.
Apesar de terem sido levados três caminhões carregados com dendê, segundo informou a delegada, os veículos não foram dados como apreendidos, sendo levados do local com toda a carga.
Já Geraldo de Almeida, é dado como preso à disposição da Justiça, para onde foi enviado o inquérito de flagrante narrando todos os fatos, inclusive, com depoimento da vítima, o Tenente Coronel Marcos Rebelo, testemunhas policiais militares que estavam na diligência que abordou o comboio de caminhões com dendê e do próprio acusado.
Em seu depoimento, o Tenente Coronel Rebelo disse ter abordado o comboio na estrada, ocasião em que Geraldo de Almeida a ele se dirigiu com uma cédula de 100 reais. O oficial conta que perguntou para que era aquele dinheiro, tendo o acusado dito que era para ele o liberar para seguir viagem. Assim, o homem recebeu voz de prisão, sendo conduzido para delegacia com os caminhões e a carga.
Estranhamente, os veículos não foram dados como apreendidos, tendo sido liberados pela autoridade policial.
A empresa Brasil Bio Fuels Reflorestamento, Indústria e Comércio S/A (BBF RIC) informada do fato, se deslocou até a delegacia por meio de advogado, a fim de se inteirar dos fatos, haja vista que a empresa é constantemente alvo de furtos e roubos de veículos e de frutos de dendê, mas, em lá chegando, foi informada apenas do flagrante lavrado contra Geraldo de Almeida e que não foram apreendidos veículos nem carga contendo dendê naquela unidade policial. Soube, também, que o acusado já estava com a defesa do advogado Jorde Tembé Araújo, que defende vários dos acusados de invasões, saques, depredações e furtos de dendê nas propriedades da BBF.
Entretanto, diferente da informação prestada pela Polícia Civil, consta, no inquérito enviado à Justiça, termo de apreensão de caminhão com aproximadamente 14 toneladas de dendê e termo de entrega para a Sra. Queila Tembé.
A empresa questiona como a carga foi liberada sem que tivesse sido checada sua origem, o destino, documentação fiscal, dados dos veículos etc., haja vista ser carga apreendida no contexto do crime de corrupção ativa em que houve a tentativa de suborno de autoridade policial para dar passagem à carga de dendê. Se não fosse de origem ilícita, não haveria o oferecimento de vantagem indevida.
A BBF, que emprega mais de cinco mil funcionários da região de Tomé-Açu, já contabiliza prejuízos enormes em razão de invasões, furtos de frutos de dendê e outros crimes. Os casos estão todos registrados nas delegacias de polícia de Quatro Bocas, Tomé-Açu, Acará e Concórdia do Pará, mas nem todas as ocorrências redundaram em abertura de investigação oficial por via de inquérito e, assim, não chegaram, até então, à Justiça, não obstante o ouvidor agrário do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, desembargador Mairton Marques Carneiro ter conhecimento de vários desses fatos e de ter conclamado as autoridades, em audiência pública promovida pela Ouvidoria Agrária, para que todos esses crimes fossem apurados, quer contra as comunidades indígenas e quilombolas ou contra a empresa. Uma informação que merece ser apurada pelas autoridades, e que é fato recorrente na região, é o transporte de frutos de dendê de origem ilícita que são transportados na região com destino à empresas receptadoras, e que só acontecem em razão de conivência de algumas autoridades locais.
Imagem: Reprodução/Redes Sociais
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