Ver-o-Peso festeja 396 anos de existência e fomento à economia paraense

A Feira do Ver-o-Peso, que completa nesta segunda-feira, 27 de março de 2023, 396 anos de existência, receberá um grande número de visitantes, entre frequentadores assíduos, trabalhadores que vivem do local e turistas, hoje, com um detalhe a mais, que é o corte de um imenso bolo distribuído à população. Apesar do anúncio de investimentos de cerca de 100 milhões de reais, fruto de convênio entre a Prefeitura de Belém e a Caixa Econômica Federal, o local continua bastante abandonado, sujo, com prédios pichados, monumentos quebrados etc. Mesmo assim, é dia de festa.

Milhares de pessoas vivem do trabalho que desenvolvem na feira do Ver-o-Peso ou nas lojas que integram o complexo, que acaba abrangendo o centro comercial de Belém e o chamado "Shopping Ver-o-Peso". Turistas de várias partes do Brasil e do mundo vêm a Belém para conhecer de perto que feira é esta. Aproveitam para fazer fotos e conhecer as ervas e frutos exóticos que somente no Pará se encontra, além, claro, da maniçoba e do açaí com peixe-frito, que viraram a marca do local, o qual, há séculos, virou também ponto cultural, em que se inspiram poetas, escritores, compositores. Todo dia, o Ver-o-Peso é uma festa, é cheio de movimento, que só caiu durante a pandemia da covid-19.

Nesta data, também o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - Dieese/PA fez um estudo mostrando a importância do local para a economia paraense, que segue abaixo.

Segundo o Dieese/PA, ao longo destes quase 400 anos de existência, o Ver-O-Peso se transformou em um gigantesco complexo, com quase 30 mil metros quadrados de área, sendo considerada hoje, a maior Feira Livre a céu aberto da América Latina, onde trabalham aproximadamente cinco mil pessoas distribuídas em cerca de 12 atividades comerciais (com vendas de frutas, verduras, legumes, peixes, carne, mariscos, aves vivas, farinha, comidas típicas regionais, ervas e cheiros, tucupi, maniva, açaí, artesanato, confecções, artigos variados e importados), espalhadas pelo chamado Complexo do Ver-o-Peso (composto pelo Mercado de Peixe, Mercado de Carne, Feira da Alimentação e a Feira do Açaí). Estima-se que a contribuição conjunta de todas as atividades do local injete na economia paraense diariamente cerca de R$ 1 milhão de reais.

Os dados levantados mais uma vez no estudo do Dieese/PA, sobre o Complexo do Ver-o-Peso em relação as suas principais atividades impressionam a cada ano. No caso especifico da movimentação do pescado, os números são gigantescos. O Estado está entre os maiores produtores de pescado do Pais, contribui com a Balança Comercial Nacional com cerca de 20,00% de todo o pescado produzido. A produção paraense é de cerca de 300 mil toneladas ano, uma parte considerável desta produção escoa diariamente pelo Veropa.

A estimativa é de que por dia transitem através do Complexo entre 80 a 100 toneladas de pescado, chegando a 150 toneladas por ocasião da Semana Santa. Entre 12 a 15 toneladas são comercializadas diariamente no próprio Mercado do Ver-o-Peso, o restante são distribuídos pelos demais Mercados Municipais e Feiras da Grande Belém e/ou exportados através de caminhões Frigoríficos para outros Municípios do Estado e também para outros Estados da Federação.


TURISMO

O Complexo do Ver-O-Peso é visitado por dia por milhares de turistas, para uma simples foto, mas principalmente para a compra de frutas da região e das famosas ervas medicinais e cheiros do Pará. São turistas de outros Estados e até de outros países.

O maior e o mais antigo entreposto comercial da Amazônia é um lugar em que se vende praticamente de tudo. O comércio pesqueiro domina o lugar com as vendas de cerca de 40 tipos diferentes de pescado como a dourada, pescada
branca, pescada amarela, pescada gó, filhote, tamuatá, corvina, cação, enchova, pratiqueira, tambaqui, tucunaré, mapará, xaréu, sarda, pirapema e outros tantos, de uma variedade de peixes inédita no Brasil e do mundo. Já a Feira do Açaí (mesmos com todos os problemas ligados à sazonalidade e comercialização) estima-se que a comercialização média por ano alcance cerca de 30 toneladas do produto, movimentando uma receita gigantesca com estas vendas.


VARIEDADE

Ainda segundo o Dieese/PA, além do Peixe e do Açaí são comercializados diariamente também dezenas de outros produtos, entre eles a Farinha de Mandioca e os produtos Hortis (Hortaliças, Verduras e Legumes), assim como as Frutas Típicas da Região. No caso da Farinha, são cerca 30 vendedores comercializando por dia, entre 4,0 mil a 5,0 mil quilos de farinha de mandioca com uma média mensal de aproximadamente 140 mil quilos. O produto, em sua maioria, vem das ilhas próximas de Belém, como também de Santa Izabel, Capitão Poço e outras cidades do Nordeste paraense. A média anual da comercialização da Farinha de Mandioca no Complexo do Ver-o-Peso nos últimos nove anos, está estimada em aproximadamente 100 toneladas/ano.

No caso dos Hortifrutigranjeiros, os números também impressionam, estima-se que sejam comercializadas no Complexo do Ver-o-Peso aproximadamente 30 toneladas de hortaliças, legumes e produtos de granjas mensalmente.

Mais de 70 vendedores comercializam cerca de 10 mil maços de verdura por dia a preços que oscilam entre R$ 2,00 e R$ 3,00 a unidade, o que resulta numa renda expressiva em um dia movimentado. Cheiro-verde, Alface, Tomate, Caruru, Alface, Couve, Alfavaca, entre outros, dobram de quantidade na época da safra. No setor de cereais, cerca de duas toneladas são comercializadas por dia, contando-se arroz, feijão e outros grãos vendidos nas barracas próximas ao Mercado de Peixe. Há ainda os vendedores de bombom de cupuaçu e de polpa de frutas, a venda varia de acordo com a safra, mas a variedade é grande em qualquer época: cupuaçu, bacuri, maracujá, acerola, goiaba, taperebá, e outras são vendidas no atacado e no varejo.

Na Feira do Ver-o-Peso também se da a maior comercialização diária do Tucupi e da Maniva. Estas vendas crescem mais ainda na época do Círio de Nazaré.

Em função de tudo isso, ao fazer mais um aniversario e alcançar 396 anos, o Ver-O-Peso continua tendo uma importância econômica gigantesca não só para a Economia de Belém (Capital), mas para todo o Estado do Pará.

Fotos: Nazaré Sarmento/

Agência Ronabar


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