Vigia de Nazaré atrai mais de 1,5 milhão de católicos às ruas no 326º Círio

Eles amanhecem nas ruas, muitos, nem dormem, ficam de vigília, rezando, comendo, bebendo, perambulando, participando de festas, conversando com amigos, recebendo amigos e familiares. É assim o clima no segundo final de semana na cidade de Vigia de Nazaré, no nordeste do Pará, região do Salgado Paraense, distante a 90 quilômetros de Belém, onde se realizou neste domingo, 10, o 326º Círio em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. A cidade se transforma no centro da fé mariana e nas festas com tudo o que se possa imaginar da cultura paraense. Uma mistura de eventos que se agregam à festa religiosa mais antiga do Estado do Pará. Vigia de Nazaré é o berço da cultura religiosa, da literatura e, principalmente, da música. É também uma cidade com grande destaque na história do Brasil e da colonização, por onde começou a cidade de Belém, já que serviu de forte para que os portugueses vigiassem possível invasores estrangeiros nas terras da então nova colônia. Não demoraria, e seria fundada a cidade de Belém, capital do Estado do Pará. Vigia de Nazaré, a "Vigilenga de Heróis", é também a cidade dos músicos e da música. Há uma tradição de bandas. A primeira delas foi a União, fundada pela senhora Jacira Sarmento. Depois, veio a 31 de agosto. Hoje, há cerca de dez bandas musicais na cidade, que já receberam premiações internacionais e que se apresentaram por várias cidades brasileiras e até no exterior. São formadas por jovens músicos e musicistas de todas as idades. No dia do Círio de Nazaré, essas bandas fazem o diferencial, animando os romeiros pelas estreitas e históricas ruas da cidade com seus prédios da era colonial. A procissão começa com a missa solene de abertura, às 7h, na Igreja de São Sebastião, no bairro do Arapiranga. Depois, a imagem é colocada na Berlinda, a qual é atracada à corda e, então, os romeiros começam o trajeto, de cerca de quatro quilômetros. A Berlinda com a santa é o último carro da procissão. Ela é antecedida pelos carros dos milagres, dos anjos, carroça puxada a búfalo com o espocar dos fogos, mais os carros de som animando os devotos com orações, cânticos, narrativas da vida de Nossa Senhora ao lado de seu filho Jesus Cristo, desde o nascimento ao martírio na cruz e ressurreição; a vinda do Espírito Santo, o surgimento da igreja e a missão salvífica de Cristo na pessoa de cada romeiro e de cada devoto. Em meio à procissão, as bandas com hinos religiosos e dobrados dão o toque tradicional às homenagens a Nossa Senhora.
ATRASO Durante o Círio deste domingo, houve um pequeno incidente. Um problema mecânico fez com que um dos carros de promessas tombasse no meio da rua. Isso fez com que a procissão se atrasasse por quase trinta minutos, mas as pessoas continuaram firmes na caminhada, muitas delas, andando descalças pelas ruas de asfalto e paralelepípedo e um sol escaldante com temperatura média de 34 graus.
HOMENAGEM Já é tradicional a grande homenagem em frente à Igreja de Pedra. A Berlinda para na frente da igreja, onde um caminhão serve de palco para que um grupo de carimbó da cidade execute o hino "Vois Sois o Lírio Mimoso" ao títimo de carimbó. Depois, a procissão segue até a Igreja Matriz Madre de Deus, há dois anos fechada para obras de restauração em toda a sua linha arquitetônica. Na chegada da imagem da santa, uma salva de fogos e palmas. A imagem é elevada ao povo e depois levada para o altar onde ocorre a bênção e a missa solene de encerramento do Círio sob a presidência do Bispo Diocesano de Castanhal, Dom Carlos Verzeletti, que fez aniversário natalício no último dia 8 e foi bastante parabenizado pela comunidade que, em peso, ficou sob sol escaldante até o encerramento da celebração eucarística. A festividade do Círio de Nazaré da Vigia se prolongará até o domingo, 24, com arraial na frente da Igreja Matriz. As missãos ocorrem no palanque montado na área do arraial até que sejam concluídas as obras do majestoso prédio.
Imagens: Nazaré Sarmento

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