CPT denuncia que 30 pessoas estão marcadas para morrer no Pará

Os números da violência no campo no Pará ainda são alarmantes, assustadores. Há quinze dias dos assassínios dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, no município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, a Comissão Pastoral da Terra informa que há uma lista de trinta trabalhadores rurais marcados para morrer. Todos, da lista, estão com pedido de proteção policial, porém, apenas três pessoas tem, efetivamente, o benefício. Na quinta-feira, os fatos foram levados ao conhecimento das autoridades da Procuradoria Geral da República em Belém por representantes de entidades ligadas à defesa do meio ambiente e dos direitos humanos.
A reunião aconteceu um dia depois do também assassinato do trabalhador rual Marcos Gomes da Silva, de 33 anos, natural do Maranhão, no assentamento Nova Sapucaia, no município de Eldorado dos Carajás, no Sul do Pará. O crime, suspeita a Polícia, foi cometido para não apenas eliminar mais uma liderança rural, como também, para tirar o foco das execuções do casal em Nova Ipixuna. Esse crime foi cometido com tanta impiedade pelos assassinos que elos chegam ao ponto de cortar a orelha de Marcos, além de dois golpes no pescoço.
Pior: assim como no caso de Marcos, também nas mortes de José Cláudio e Maria, a Polícia não tem nem suspeitas sobre os autores dos crime, o que deixa as entidades paraenses ligadas à defesa dos direitos humanos e ambientais a temer por mais impunidade no Estado, onde já ocorreram tantos crimes, cujos autores, mandantes e intermediários continuam gozando da mais absoluta liberdade, quem sabe até, exercendo cargos de alto nível na sociedade civil organizada, longa de quaisquer suspeitas.
De acordo ainda com a CPT, em todo o Brasil, há uma lista de 123 pessoas marcadas para morrer por causa de problemas no campo. De 1982 até hoje já tombaram 681 pessoas, números esses que serão levados ao conhecimento do ministro Cezar Peluso, presidente do Conselho Nacional de Justiça, a quem serão pedidas providências pela advogada Mary Cohen, representante da direção nacional da OAB, que irá pedir audiência para tratar acerca da violência no campo.
Carlos Augusto Santos Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (FETAGRI), disse que o governo federal deverá investir R$ 530 milhões para compra de terrenos com vistas à continuação do programa de reforma agrária, porém, as entidades paraenses querem saber quanto é que será destinado para o programa somente no Pará, onde é alto o número de trabalhadores rurais sem-terra, bem como, de trabalhadores executados por pistoleiros agindo sob as ordens de grileiros, fazendeiros e grandes latifundiários, muitos dos quais, estão ocupando cargos políticos como em prefeituras, câmaras municipais etc.

O INFERNO É AQUI

Em reportagem especial, o jornal O LIBERAL, do Pará, mostra o caso da sindicalista Maria Joel Dias da Costa, que vive ao lado da morte, não obstante o fato de ter escolta policial por 24 horas que, no entanto, não evitaram dois atentados contra sua pessoa no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Plará para mata-la em 2005 e 2007, respectivamente.
Joema, como mais é conhecida Maria Joel, é uma das três pessoas marcadas para morrer que tem proteção policial juntaente com Valdeci dos Santos Gomes e o índio Odair José de Alves, o “Dadá”, estes dois últimos, residentes no município de Santarém.
Essas pessoas temem que a qualquer momento, num descuido dos policiais militares que as acompanham, possam tombar sob as balas de pistoleiros que vivem à espreita. Ou seja, nenhum dos três tem paz nem liberdade, pois vivem como se estivessem presos, só porque estão na luta pela defesa do direito de plantar, de habitar e de defender o meio ambiente.

Centrais se reúnem hoje no Dieese-Pará

Na pauta, trabalho decente e coleta de assinaturas pedindo a prisão preventiva dos corruptos paraense, campanha que é liderada pela OAB-Pará

A partir das 15 horas de hoje acontece, na sede do DIEESE-Pará, reunião com todas as centrais sindicais. Na oportunidade será tratada a questão da defesa do trabalho decente para todas as categorias profissionais do Estado do Pará, uma campanha que começou no dia 1º de Maio deste ano, por ocasião da marcha unificada das centrais em comemoração ao Dia do Trabalho.
Um outro assunto que estará na pauta de discussão da reunião de hoje no DIEESE-Pará, diz respeito à coleta de assinaturas, pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará. Essa iniciativa objetiva mostrar ao Judiciário e à nação de um modo geral que toda a sociedade, no Estado, está exigindo a prisão preventiva de todos os corruptos que estão dilapidando os cofres públicos do Estado, a exemplo do escândalo que ora é apurado pelo Ministério Público do Estado na Assembleia Legislativa, com auxílio da Polícia Civil, através de sua Divisão de Investigações e Operações Especiais.
A participação de toda a diretoria da União Geral dos Trabalhadores nesse encontro de hoje é de fundamental importância. “Nós precisamos gritar, nós precisamos nos mexer. Não queremos apenas aumento de salários, discutir datas bases, melhores condições de trabalho. Nós também somos integrantes da sociedade e precisamos acompanhar o debate político, porque é assim que vamos sair desse marasmo, desse atraso de vida em que se vive”, disse o sindicalista Zé Francisco, presidente da UGT Pará e dirigente nacional da UGT.

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