Ridículo do ridículo

Às vezes me sinto revoltado com tudo o que vejo e ouço ao meu redor. Leis, regras, pensamentos da sociedade, o que é certo, o que é errado, conceitos e preconceitos, uma série de troços que fazem parte de um sistema que gostaria, eu estivesse desatrelado, porque em todas essas coisas, a conclusão que chego, é que, tudo, mas tudo mesmo, trocado por porcaria, o dono da porcaria ainda sai no prejuízo.
Outro dia, alguém me criticando, perguntava-me o que a sociedade vai pensar sobre minha pessoa por isso ou por aquilo, e eu respondi que estou pouco me lixando pra sociedade, afinal, pago todas as minhas contas, meus impostos, vivo sozinho resolvendo minhas coisas e nunca ganhei uma xícara de café de graça da sociedade, que é apenas um sistema, onde é cada um por si e Deus por todos.
Leis, neste país, existem milhares, mas ninguém cumpre. Em geral, a raia miúda, que não tem onde cair morto, é que é obrigada a cumpri-las, principalmente quando o assunto é entregar dinheiro para o governo municipal, estadual e federal, vorazes em abocanhar os recursos que as pessoas conseguem para sobreviver.
Se a gente vai comprar um carro novo, parcelado, paga três quatro carros; se vai comprar um carro usado, a taxa é tão alta que hoje não é mais nem negócio comprar carro de segunda financiado. Culpa do sistema de capital e de mercado. É pegar ou largar.
As pessoas, que, em geral, estão desesperadas, pegam e se fumam no final das contas.
Pagamos uma das cargas tributárias mais altas do Brasil e, no entanto, pessoas estão morrendo, pois o atendimento público é qualidade zero às vistas de toda essa corja que, de dois em dois anos, está pedindo votos e prometendo mundos e fundos que nunca vai cumprir. O eleitor, por sua vez, se deixa enganar e se faz moeda de troca, porque acha que é nessa fase a única que tem de tirar alguma vantagem. Sempre, alguém quer tirar uma vantagem.
Nas últimas eleições, o Ministério Público fez vista grossa para a campanha extemporânea, a compra de votos despudorada, a mentirada descarada que valeu à pena para pulhas que se elegeram e estão agora fazendo tudo o que não presta para a população. Já vem mais uma reforma, a da Previdência, pra acabar de vez com as esperanças das pessoas. A reforma trabalhista provocou desemprego por toda parte, quebra de empresas etc.
Pra se ter uma ideia de toda essa baboseira, o governo do Pará repassa para uma escola pública de ensino fundamental, pasmem, a bagatela de quase 1.700 reais por semestre para que a direção compre material de expediente e fazer manutenção da atividade pedagógica e didática. Não é permitido sequer comprar, dessa mixaria, um botijão de gás para fazer a merenda escolar. Deu nojo, deu revolta escutar isso de uma diretora na última segunda-feira. Quer dizer, temos um governo que é desgoverno, pra não baixar o calão aqui.
Vou à igreja e o padre, o pastor, o babalorixá, o rabino, o pai de santo diz que devemos agir com humanidade para com nossos irmãos, já que todos somos filhos de Deus e, no entanto, ao sair da igreja, todos nós estamos com o coração cheio de egoísmo, de ódio. Muitas vezes participamos da missa e outros eventos religiosos por nos sentirmos bem, mas, também, para mostrar que somos religiosos; tem gente que comunga para dar uma satisfação à sociedade e não a Jesus. Do que adianta participar dessa forma, se não estou realmente ligado a Deus, ao altíssimo seja lá onde for.
Ouço alguns dizerem: no meu tempo não era assim; no meu tempo era dessa forma, como se em qualquer tempo as coisas fossem melhores ou piores. Sempre houve injustiça e guerras por causa de fornicação; isso é bíblico.
Ninguém tem o direito de julgar ninguém. Por isso que Cristo mandou os hipócritas a atirarem a primeira pedra na mulher pecadora e ninguém se atreveu a fazê-lo.
Por fim, quero lembrar que fala-se tanto em direitos da criança, direitos do adolescente, direito dos idosos e, nesta manhã, vi um pobre homem, sem condições de se locomover, ter de entrar de maca numa agência bancária para provar que está vivo, porque o sistema não podia delegar alguém para ir conferir a vida desse pobre indigente; um pai não pode criar seus filhos como acha melhor, porque pode ser preso, e fazemos vista grossa para as crianças que estão jogadas pelo meio das calçadas das grandes cidades. O jovem não tem como se empregar, porque não tem ensino de qualidade e o sistema exige dele, experiência. Como vai conseguir experiência se nunca teve uma chance de entrar nesse sistema de mercado de trabalho.
Vou parar hoje por aqui, mas amanhã tem mais.

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