LITERATURA - Acabo de ler: "Agosto e outras memórias"

Agosto e Outras Memórias, de Álvaro Vinente
Sempre fui um camarada bastante chato no sentido da palavra quando o assunto é literatura. Me acostumei a ler vendo a tia Loló lendo o então jornal "A Província do Pará" e, alguns anos mais adiante, lá por 1975\76, quando me interessei pelas historinhas em quadrinhos do Almanaque Disney "Os marinheiros". A partir daí fui lendo, lendo, cada vez mais quadrinhos e peguei o gosto pelos livros.
Me fixei bastante na literatura inglesa, com Agatha Christie e, depois, com outros renomados autores; peguei algumas coisas da literatura brasileira, mas continuo gostando de autores ingleses e norte-americanos.
Jamais tinha parado para ler um livro de autor paraense. Que me perdoem meus colegas e confrades paraenses da Associação Paraense de Escritores, da qual sou membro fundador junto com Rui Barata, Silvia Helena Tocantins e tantos outros, mas me interessei pelo livro "Agosto e outras memórias", do jornalista, escritor e meu amigo Álvaro Vinente.
Trata-se de um livro com 107 páginas de pequenas crônicas, algumas das quais vividas pelo autor e outras, contadas a ele na cidade de Oriximiná, região oeste do Pará, no Baixo-Amazonas. A obra é editada em 2015 pela Fundação Cultural do Pará, prefaciada por João de Jesus Paes Loureiro.
Como citei anteriormente, trata-se de uma obra com pequenas histórias transformadas em contos que narram o cotidiano de um menino de classe média, filho de panificador e que vivencia várias situações da vida de uma criança, cheia de sonhos, ideias e que, ao mesmo tempo, observa a situação de colegas que são criados por famílias mais humildes, com poucos recursos.
Não é uma obra que retrata pobreza, mas a realidade de forma simples, com cunho até jornalístico e bem humorado. Mostra a chegada do circo na pequena cidade, a rudeza de alguns personagens, a cachaça como bebida mais consumida por algumas conhecidas figuras do começo dos anos de 1970. Retrata, ainda, a tradição religiosa, com a missa das 8h, o Círio Noturno de Santo Antônio e o arraial na frente da igreja matriz; a vida das meretrizes e como as moças da época eram encaradas pelos rapazes. Apelidos, situações, dúvidas, partidas de futebol, o momento em que a população local soube da chegada do homem à Lua e o receio das pessoas de então...
Vinente também fala como os protestantes chegaram em uma cidade fundada e dominada pelo catolicismo, a intolerância religiosa e o respeito de todos pelas leis. Ah, ele também lembra a história da reanexação de Oriximiná ao município de Óbidos e os problemas que isso geraram para a sociedade nas duas cidades. Coisas de políticas em que, cada cidadão de um lado tomou o seu partido...Os sapatos do Norato e o encontro solitário com o Senhor Morto no andar superior da igreja.
A obra e uma delícia a ser saboreada e leva o leitor ao devaneio, quem sabe, a vivenciar sua própria história no solo da terra natal...

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