Só a Bertoleza tinha coragem e dignidade

ROBERTO BARBOSA

Acabo de ler, agora com calma, o livro de Aluísio de Azevedo, “O Cortiço”, obra clássica da literatura naturalista do Brasil, que marca um tipo social que passou a viver em um cortiço no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, precursor das hoje tão mal afamadas favelas. A obra me leva ao meu TCC, quando falei acerca da cultura da língua portuguesa no Brasil e o que a população brasileira, num português bem claro, se transformou, o qual seja, nessa raça mestiça, parecendo uma feijoada, que era o feijão feito pelos escravos com as sobras deixadas pelos senhores dos engenhos.
João Romão, português mau caráter que veio tentar enriquecer no Brasil, de tudo fazia para levar vantagem, não se importando com quem negociava, no que pisava, cobrando a quem lhe devia e buscando todas as formas de não pagar aos seus credores. Aproximou-se da negra Bertoleza, que estava iniciando a vida com sacrifício, na tentativa de comprar de seu senhor a carta de alforria. O português aproximou-se da mulher, tomou-lhe tudo o que possuía, viveu com ela e depois a jogou às traças, como se objeto fosse, dado que pretendia casar-se com a filha de um fidalgo Barão, o Miranda, também português, seu ex-rival e igualmente sórdido.
Dos moradores do Cortiço, pode-se dizer que poucos eram dotados de algum ato digno. E a história se desenvolve, com várias mortes, sururus com vizinhos, navalhadas, beberagens, festas sórdidas, incêndios, traições mil, onde a única pessoa que não estava destituída de fidelidade, vontade de trabalhar e vencer sem outras grandes ambições, portanto, cheia de dignidade, era a Bertoleza, que, ao ver-se enganada e sem abdicar de seu direito de ir e vir, preferiu morrer a continuar vivendo no meio de uma sociedade mais podre do que na sujeira onde ela viveu o tempo todo a escamar peixe para um amásio impiedoso e insensível.

MORAL DA HISTÓRIA
Houve muitos avanços no Brasil Republicano em relação ao que se via no Brasil Imperial tão bem retratado e criticado por Aluísio de Azevedo, mas, muitos segmentos sociais continuam tentando tirar vantagem em cima de tudo quanto é oportunidade que lhes surge. Os políticos, claro, estão na crista da onda, como os seres mais odiados neste país, porque só se voltam para o eleitor em época de eleição e, depois, tudo volta como “dantes no país de Abrantes”.
Todo dia, na varrição feita no Legislativo e Executivo, encontra-se muito lixo escondido por debaixo dos carpetes, como, decepcionantemente, estamos assistindo ao drama envolvendo a vereadora Vanessa Vasconcelos, toda-poderosa no PMDB de Jader Barbalho, que é acusada de desvio verbas públicas, utilizando uma laranjinha chamada Maria do Carmo Oliveira Viégas, sua empregada doméstica recentemente demitida porque teria chegado atrasada ao serviço. Ela era funcionária pública nomeada como assessora parlamentar, ganhando um salário de R$ 4 mil, porém, na verdade, de nada sabia e recebia os míseros 400 e poucos reais, referentes a um salário mínimo, piso nacional. O caso, claro, já está sob investigação do Ministério Público Estadual e deverá redundar na cassação da vereadora, antes muito admirada pelo povo belenense.
E, convém lembrar, talvez esta cassação só venha a ocorrer em função do desgaste da Câmara Municipal de Belém diante da opinião pública, porque vem se negando, obstinadamente, a instalar a CPI da Saúde. Vamos ver no que dá tudo isso, pois, por enquanto, só a Bertoleza...

SALADA
° Choveu nesta manhã no centro de Belém.
° As principais ruas do centro da capital paraense ficaram com trânsito congestionado e bastante lento.
° Preservacionistas ambientais questionam as ideias do prefeito Duciomar Costa de fazer novas estradas e pontes que interliguem a capital paraense à vila balneária de Mosqueiro por menor percurso, a partir da ilha de Caratateua (Outeiro).
° Dizem que o projeto, de concretizado, irá colocar em risco as últimas áreas de manguezais desta região do Estado.
° Frequências de algumas emissoras estão impedindo a sintonia de outras, porém, a Anatel não tem feito nada para resolver o problema.
° Assim como aumenta a cada dia o número de carros circulando pelas grandes cidades brasileiras, igualmente cresce o número de acidentes provocados por motoristas mal formados e irresponsáveis, que se esquecem de ter atenção, mas pisam sem piedade nos aceleradores.
° Mas, maus profissionais existem em todos os segmentos. Por isso, um ex-médico, agora, foi condenado à pena de oito anos de reclusão, por causar a morte de uma paciente durante uma cirurgia de lipoaspiração.
° Ele não era qualificado para o exercício desse tipo de cirurgia.
° Precisei me deslocar a pé da redação até à Rua XV de Novembro, no centro de Belém, ontem na hora do almoço. Meu Deus, como o centro está desprezado, sujo e fedorento!
° As obras a prédios velhos continuam, mas, beleza nenhuma adianta em lugar sujo e fétido.
° Culpados por isso são os órgãos públicos que não fazem a sua parte, bem como, a camada porca (é porca mesmo) da sociedade, que, infelizmente, existe em toda parte.
° Ser pobre é natural. Ser porco, é imperdoável.

Comentários

Anônimo disse…
O delegado-geral Raimundo Benassuly resolveu jogar duro contra o Sindicato dos Delegados de Polícia do Pará (Sindelp-Pa), tendo cassado a licença do delegado Nilton Jorge Barreto Atayde que estava a disposição daquele sindicato e que agora está lotado como plantonista da Seccional de São Brás. Quem não sabe ou não lembra Nilton Atayde já desempenhou vários cargos de relevância dentro da Polícia Civil, sendo os últimos de Corregedor-Geral e de Delegado Geral-Adjunto durante o governo tucano de Simão Jatene.
Niltom Atayde irritou a Raimundo Benassuly porque teria sido o autor do expediente do sindicato que peitou Benassuly de estar descumprindo a Lei Orgânica, ao indicar a nomeação de delegados em estágio probatório para ocupar cargos em comissão de DAS, diretores de Seccionais e Superintendências. A retaliação veio imediata, retornando Atayde as atividades operacionais.
Mas, o sindicato não se curvou e já ajuizou ação contra o ato de Raimundo Benassuly. E mais, o Sindicato acusa Benassuly de improbidade administrativa. ED reclama de tratamento desigual, pois, enquanto no sindicato só ficam dois delegados disponibilizados, na Associação dos Delegados ficam três, dentre os quais, Célio Picanço que é marido da presidente Perpétua Picanço. E mais, Célio Picanço não faz parte da diretoria. Mesmo que esteja brigado com seu ex-amigo do peito Benassuly, Célio Picanço é petista de carteirinha.
Anônimo disse…
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Pará (Sindelp-PA) está incomodando a atual administração da Polícia Civil e ao governo do Estado. Interessante que para o atual mandato foram eleitos em setembro de 2006 os delegados Raimundo Benassuly e Justiniano Alves, para presidente e secretário-geral, respectivamente. Ocorre que ambos´passaram a ocupar desde 01/01/2007 aos cargos em comissão, de Delegado-Geral e Delegado-Geral Adjunto, respectivamente, tendo ambos se licenciado da diretoria executiva do Sindelp-Pa.
Agdora, diante do incômodo que os atuais dirigentes do dito sindicato estão causando ao governo, já se comenta a possibilidade de Ana Júlia usar da estratégia de dispensar Benassuly e Justiniano, este atualmente superintendente do Sistema Penal, para que voltem as dirigir o Sindelp-Pa e fazer o jogo do governo. A categoria deve estar temerosa com esta possibilidade e predominado o peleguismo - sindicalistas rezando na cartilha do patrão.

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