Guarani - literatura saboreada com liberdade

Quando comecei me despertar pelo gosto da leitura, eu lia livros e revistas com calma e sem obrigação. Acho esta a melhor parte. Nada obrigado convém a qualquer pessoa.
Já jovem, havia lido uma infinidade de títulos, a maioria de Agatha Christie, mas nada de literatura brasileira. Quando ouvia me dizerem da obrigação de ler obras de Machado de Assis, José de Alencar e tantos outros para enfrentar o vestibular, isso me enfadava. Quanto mais falavam, mais eu me afastava.
Entrei na faculdade de Letras, me formei e de lá saí há quase 20 anos e, somente agora, com mais de meio século de vida, resolvi arrumar a minha biblioteca e dar uma pincelada nessas obras então recomendadas. Mas lembro que havia lido “O Cortiço”, obra que gostei muito e que me fixei na pessoa da negra Bertoleza, a única personagem digna de respeito por seu caráter, trabalho e sinceridade.
Então, peguei “O Guarani”, de José de Alencar, um misto de história, de ficção, com heróicos personagens, como D. Antonio de Mariz, um nobre português que morreu na defesa de sua família explodindo sua casa e assim matando fortes e impiedosos guerreiros aimorés, enquanto sua filha Cecília fugia sã e salva, confiada a seu amigo Peri, da nação dos índios Goitacás. O enredo mostra o Brasil no começo da era colonial, os perigos, a vegetação, a vida simples, o romantismo e a abnegação de Peri em cuidar de Cecília, pela qual abandonou sua tribo, ele que era um dos mais fortes guerreiros. Mostra, ainda, a onça e as armações de vilões como Frei Angelo di Luca, que abandonou a batina convertendo-se em um pistoleiro chamado “Loredano”, assassino contumaz cuja ambição era se apossar de uma mina de ouro e tomar para esposa a jovem Cecília, o que foi percebido por Peri, logo transformado em seu inimigo, com o qual teria de lutar, assim como, combater os Aimorés, cuja nação era inimiga da nação dos índios Goitacás.

A casa explodiu pelas mãos de D. Antonio de Mariz, os índios Aimorés sucumbiram e Peri levou Cecília, envolvendo-se, ambos, em grande tempestade. O autor, que não conclui se o casal morre, deixa no ar que assim nascia a nova raça brasileira. Uma obra e tanto que, confesso, levei um bom tempo para ler, mas que valeu a pena e recomendo uma leitura descompromissada, pois é uma obra digna dos mais altos e sinceros elogios.

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