Morte em conflito pela posse de terra

O trabalhador rural Luís Cléber Alves de Campos, que presidia a Associação de Moradores de uma área de ocupação dentro da Fazenda Gaúcha, no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará, foi covardemente assassinado por pistoleiros sob o comando do capataz da área de terras, ontem no final da manhã. A ideia dos assassinos era fazer uma matança, pois quatro outras pessoas foram também atingidas, duas em estado grave e que estão internadas em hospitais da região.
As informações foram prestadas em forma de lamento, na manhã desta terça-feira, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado, pela deputada estadual Bernadete ten Caten, do PT, que não é candidata à reeleição.
Segundo Bernadete, os trabalhadores estão na área há vários anos e lutavam junto ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, no sentido de que o local fosse colocado no programa de reforma agrária. Ali, plantavam legumes, criavam pequenos animais e faziam da agricultura familiar a forma de sustento.
Como todo povo organizado, queriam que as autoridades de Bom Jesus do Tocantins levassem melhoramentos para o local, de difícil acesso. Só para se ter uma ideia, pra ir à escola, as crianças são obrigadas a caminhar todos os dias cerca de dez quilômetros, posto que só existem caminhos, que não dão condições para o trânsito dos ônibus escolares.
Na sexta-feira passada, depois de muita negociação, a prefeitura de Bom Jesus do Tocantins combinou com os truculentos proprietários da Fazendo Gaúcha, o enviou de maquinário ao local para abrir a estrada vicinal. Só que, ontem, quando chegaram homens e máquinas, os jagunços estavam a postos e abriram fogo contra tudo e contra todos, matando logo o líder dos moradores Cléber de Campos.
Informes no princípio da tarde de hoje davam conta de que uma pessoa já havia sido presa e que o autor dos tiros que ceifaram a vida do trabalhador rural, que seria filho do capataz ou de um dos proprietários, estaria foragido.
A deputada Bernadete disse lamentar que a violência continue tomando conta do campo no interior do Pará, essa mesma violência que havia caído cerca de 90% nos últimos anos. Ela exigiu, da tribuna, apuração dos fatos e punição rigorosa para os assassinos, como também lembrou da liberdade dada a Rayfran das Neves, agora envolvido em duplo assassinato em Tomé-Açu.

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