Educação quilombola paraense chega às escolas de todo o país por meio de cartlha e livro produzidos no Pará

 Dentro dos quilombos, o conhecimento se alimenta da ancestralidade, porém, com os olhos no futuro. Uma cartilha e um livro de atividades sobre esse tema – escritos pelas próprias comunidades de descendentes de negros que se refugiavam nas matas para se livrar da crueldade da escravidão – passam a integrar o acervo da biblioteca do Anansi, Observatório da Equidade Racial na Educação Básica. Ambas as publicações são voltadas ao ensino antirracista, capazes de ajudar educadores a cumprirem a lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira no país.

A cartilha se chama “Poronga da Equidade: Saberes tradicionais e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola” e traz sugestões de experiências exitosas dentro das escolas quilombolas, praticadas na comunidade de Jambuaçu, município de Moju, no Pará. A pesquisadora Ana D’Arc Martins de Azevedo encabeça a lista de organizadores do material, que leva a assinatura do Grupo de Pesquisa Saberes e Práticas Educativas de Populações Quilombolas (EDUQ) da Universidade do Estado do Pará - Uepa.

“O Poronga convida os/as professores/as a experimentar e inovar contra as formatações colonialistas e patriarcal que invisibilizam a cultura quilombola e dissolvem riquezas de saberes e fazeres que perpetuam por centenas de anos. Vêm vulnerabilizando as referidas vidas quilombolas ao aculturalismo", reforça no prefácio, Waldirene dos Santos Castro, integrante do grupo de organizadores da cartilha.

Já o livro de atividades “Colha Palavras - Vivências do clã da Lua Nova no Arakitembo To Ossãe”, vem para complementar e servir de atividade prática antirracista. O projeto, que nasceu do ensino lúdico desenvolvido na Comunidade Kilombola Morada da Paz (uma área rural na divisa dos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul), apresenta em suas páginas, uma série de jogos para a busca de nomes de plantas e seus rituais. A ideia do projeto foi trabalhar um saber ancestral de grande importância, que valoriza o contato com a natureza e o conhecimento passado de geração em geração.

Ambos materiais foram selecionados pelo Edital Equidade Racial na Educação Básica: pesquisa aplicada e artigos científicos, lançado em 2019, iniciativa do Itaú Social coordenada pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), em parceria com o Instituto Unibanco, a Fundação Tide Setubal e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O acervo do edital foi lançado oficialmente em 9 de janeiro deste ano, em comemoração aos 20 anos da Lei 10.639/2003. Até dezembro deste ano, serão lançadas mais de 50 produções, entre livros, artigos, manuais, jogos, entre outros produtos. O próximo material com lançamento confirmado na plataforma é o livro "Práticas Antirracistas em Escolas Municipais de Contagem-MG, organizado pelo pesquisador Erisvaldo Pereira dos Santos.

Imagens: Divulgação/UEPA

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