Marudá celebra o 25ºCírio de Nossa Senhora das Graças
Fiéis acompanham santa na berlinda cantando e rezando |
O povo católico da vila de Marudá,
município de Marapanim, nordeste do Pará, microrregião do Salgado, a 160
quilômetros de Belém, promoveu, no último domingo, 9, o 25º Círio de Nossa
Senhora das Graças. A romaria - que começou em 1989 como uma “Caminhada para
Maria”, época em que o Pároco de Marapanim era o Monsenhor Edmundo Saint Clair
Igreja, que está com processo de canonização no Vaticano para se tornar o
primeiro santo paraense, sob o título de “Apóstolo do Salgado” -, segue os
mesmos padrões dos círios que acontecem por todo o Estado do Pará, modelo do
Círio de Nazaré, de Belém, com missa na véspera, trasladação e o círio pela
manhã. Reuniu, este ano, cerca de cinco mil pessoas, entre romeiros de Marudá,
Marapanim, cidades próximas e de outros pontos do Estado que seguem para a vila
de pescadores no objetivo de homenagear a Mãe de Deus.
“Caminhando sob o olhar de Nossa
Senhora das Graças, testemunhamos a alegria do Evangelho” é o tema central do
Círio de Marudá deste ano. Na noite de anteontem, uma celebração da palavra
abriu os festejos, quando o povo se reuniu na capela da padroeira para conduzir
a imagem majestosamente ornamentada na berlinda até a capela Nossa Senhora
Maria Auxiliadora, no bairro do Sossego, onde a santa pernoitou em vigília. De
manhã, logo cedo, os fiéis tomaram conta do templo, iniciando a oração do
terço, seguida da celebração da palavra, presidida pelo diácono Nestor de
Jesus, da Diocese de Castanhal.
Imagem da santa é levada pelas ruas da vila de Marudá |
Moradores da pequena comunidade de
Nossa Senhora Auxiliadora ofereceram mingau de milho aos romeiros, assim como
vários grupos distribuíram água para a multidão que caminhou por cerca de três
quilômetros sob sol forte, clima de 34 graus centígrados, orações, pregações
sobre a missão da Mãe de Deus para converter o povo a ouvir e seguir o
evangelho de Jesus Cristo acompanhando a imagem de Nossa Senhora das Graças na
berlinda. Havia carro de anjos e a santa recebeu um manto branco. Atrás da
multidão, carros, motos, bicicletas, além do acompanhamento da Banda de Música
União Marapaniense, formada em sua maioria por jovens que, tradicionalmente,
acompanha o Círio de Marudá.
Em vários pontos do distrito foram prestadas
homenagens a Nossa Senhora das Graças, com queima de fogos. Casas estavam
ornamentadas com balões e detalhes nas cores azul e branco, santas colocadas às
portas, além dos cartazes, toalhas e lençóis brancos às janelas.
DEPOIMENTOS
Dona Inez da Silva Alves conta que
acompanha o Círio de Nossa Senhora das Graças há exatos 25 anos. Sua família
tem uma participação especial no acontecimento, posto que o missionário Zé
Mário da Silva, que já faleceu e era seu primo, foi um dos idealizadores da
festa para a padroeira juntamente com o professor Manoel Paixão, o Deco, que
atualmente mora em Juiz de Fora, Minas Gerais, o senhor Pedro Lúcio entre
várias outras pessoas. Neste ano, especialmente, porque Inez acompanhava o
Círio por ela mesma e pelo esposo, o senhor Moacir Elisiário Alves, que faleceu
há pouco mais de um mês e que, antes do falecimento, só falava em ir participar
mais este ano do Círio de Marudá. Ela usou o chapéu do marido e acompanhou a
romaria do princípio ao fim, ignorando o cansaço. “Parecia que o Moacir estava
do meu lado; eu sei que ele estava, eu sentia isso no meu coração”. Disse que
ficará a semana toda em Marudá, até o término das noitadadas com novenas,
missas e o arraial que neste ano funciona atrás da igreja, na barraca da santa,
recentemente reformada e ampliada.
O diácono Nestor de Jesus presidiu a
celebração da palavra na abertura do Círio, ontem. Ele se disse feliz por ver o
entusiasmo das pessoas em participar da festa em honra à Mãe de Deus e que
sempre vai a Marudá participar do evento. Neste ano, especialmente porque foi
convidado para presidir a celebração que antecede a procissão, na capela de
Nossa Senhora Maria Auxiliadora.
Indagado sobre a possibilidade de o
povo de Marudá ganhar uma paróquia, Nestor lembrou que a Diocese de Castanhal
está atualmente com 35 paróquias, duas delas criadas este ano por Dom Carlos
Verzelleti. “Este é um sonho do povo de Marudá. Estamos caminhando, estamos
avançando”, disse, acrescentando que a tendência é todas as grandes comunidades
virem a ser transformadas em paróquias, conforme as necessidades do povo e da
evangelização.
Esta imagem foi doada pelo professor Manoel Paixão |
Marco Antonio Alves, radialista da
Tropical FM de Marudá, e missionário, é um dos coordenadores do Círio de Nossa
Senhora das Graças 2014. Ele confirmou que, a cada ano, o evento vem atraindo
maior número de fiéis. “Celebramos, nestes 25 anos do Círio de Marudá, a
vitória de Nossa Senhora em semear no coração dos romeiros o amor por Nosso
Senhor Jesus Cristo. Cada um vem atendendo ao chamado de Nossa Senhora e
caminhando ao encontro com Jesus sacramentado na Eucaristia que celebraremos em
instantes na igreja de Nossa Senhora das Graças, para onde estamos seguindo”,
uma vez que o pároco de Marapanim, Padre Orlando, aguardava a chegada da santa
na berlinda para começar a missa de encerramento da procissão, o que aconteceu
por volta das 10h30.
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