Mercado de usados tem carros cada vez menos usados

A extensão dos prazos para a compra de carros zero quilômetro tem ajudado também o mercado de usados. A facilidade no financiamento e a divisão das parcelas em planos de até seis anos torna possível realizar o sonho de comprar o carro próprio.
Levantamento feito pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) revela que já pode ser notada essa migração de consumidores de automóveis fabricados antes de 1997, para a faixa que abrange os carros de até 10 anos de fabricação. Isso significa que o mercado de usados se sustenta, mesmo com o forte crescimento das vendas de novos. “A renovação da frota já acontece”, afirma o presidente de honra da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores do Pará (Assovepa), Antonio Louro Gomes.
Com a explosão na venda de carros zero quilômetro no Brasil, o mercado de usados e seminovos ganhou o reforço de produtos com melhor aceitação, vendidos pelos consumidores que querem trocar para um carro novo.
O ingresso de novos clientes nas revendas também aumentou. No mês de janeiro 2008, as revendedoras de carro venderam 37,64% mais que em janeiro de 2007. No Pará, esse número é ainda maior; tendo alcançado a taxa de 51,76% a mais que o ano anterior, na comparação entre os meses de janeiro de 2007 e 2008. O maior pico de venda observado pela Assovepa no primeiro bimestre deste ano é a de compra de carros com quatro anos.
“O principal motivo para esse crescimento é a facilidade do financiamento realizado pelos bancos. Há alguns anos esse tipo de negócio era feito em 24 meses, depois passou para planos de 72 meses e hoje encontramos parcelas de até 80 meses”, comenta o presidente.
COMPRADOR É JOVEM E ESTÁ ATRÁS DE SEU PRIMEIRO CARRO
Na análise de Antonio Louro, o perfil de quem procura carros semi-novos (que tem até três anos de uso) geralmente são jovens, entre 25 e 35 anos, que estão comprando o primeiro carro.
Segundo ele, o carro usado ou o seminovo podem ser considerados veículos de entrada, assim como a moto. “A moto cumpre o papel de locomoção barata, então, a pessoa vai partir da moto para um carro usado, e do usado para o carro novo”, explica.
Ele afirma ainda que, apesar de perderem espaço, os carros ditos populares estão longe de desaparecer do mercado. Quem opta pelos veículos com motor 1.0, por causa do preço, incrementa o carro com a instalação de opcionais que garantem mais conforto ao usuário. “O consumidor ainda prefere comprar um carro 1.0 com ar-condicionado, vidros e travas elétricas do que um básico com motorização maior”, avalia Louro.
Mas o empresário ressalta que ir com muita sede ao pote, na hora de comprar o carro pode ser uma cilada. “Como não se pode prever o que acontece com a economia do Brasil, fazer um negócio de seis anos é uma operação arriscada. A dica é dividir as parcelas em até 36 meses, três anos, que é um tempo aceitável”, aconselha.
CUIDADO COM OS MICOS
Eles passam semanas expostos nas lojas, mas ninguém quer comprá-los. E são o desespero de qualquer vendedor. São os carros “micos”, modelos usados que encalham nas lojas e que chegam a custar até 15% menos do seu preço de tabela.
Pode parecer exagero, mas não é. Veículos como Tempra, Tipo, Kadett, Omega e Vectra (os dois últimos na versão antiga) estão cada vez mais difíceis de serem vendidos. "Os clientes têm receio de comprar por causa do alto custo de manutenção e consumo", afirma o vendedor Roberto Teixeira. As concessionárias e lojas de usados também evitam aceitar esses veículos como entrada para outro mais caro, em função da fraca demanda.
Outros veículos que não têm boa aceitação no mercado, há cerca de dois anos, são Tigra e Calibra (ambos da Chevrolet), Logus, Apollo e Pointer (da Volkswagen) e Verona, Versailles e Royale (da Ford). "Eles tiveram pouca procura e não tiveram suas marcas consolidadas", diz.
A primeira versão do Fiat Marea, que não caiu no gosto do brasileiro e sofreu uma reestilização traseira no ano passado, já apresenta dificuldades para ser vendida. Quem segue esse mesmo caminho é a picape Dodge Dakota, que parou de ser produzida em abril de 2001 e já vem sendo "discriminada" pelos consumidores na hora da compra.
A tendência é que alguns veículos novos, que hoje já tiram o sono dos vendedores, sejam os “micos” daqui alguns anos. Pólo, Classic, Bora, Cordoba, Brava e Mondeo são algumas das apostas. Por isso, esses modelos só valem a pena se tiverem bons descontos.(Colaborou Antonio Edson Santos)

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