Impunidade

Roberto Barbosa

A palavra impunidade me leva há cerca de 29 anos, quando iniciava a profissão de jornalista, ao ler um artigo no antigo “Jornal do Círculo”, órgão informativo do Círculo Operário Belenense, fundado pelo Padre Tiago Way, holandês da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo (Padres Lazaristas). Os tempos já eram dramáticos, como em todas as épocas da vida de cada um, mas não se via tantos jovens sofrendo, tantos jovens assaltando, usando drogas, matando os pais para ficarem com a herança ou poucas bagatelas.
O tráfico de drogas, entretanto, já era um câncer no seio da sociedade global e que, em se falando de Brasil, causa tantas mazelas e não é combatido, porque os grandes traficantes estão em liberdade, impunes e ninguém vê, ninguém faz nada.
Quando observamos nos telejornais, internet e outros meios de comunicação, a informação de que “a Polícia deflagrou uma grande operação e acabou prendendo um dos traficantes mais procurados do Brasil”, logo se percebe, pelas imagens, que pegaram um “testa de ferro”.
As imagens mostram o tal “traficante mais procurado do Brasil” escondido em um barraco de favela, imundo, sem condições, porém, com os advogados mais caros para lhe darem a assessoria jurídica. Você, caro leitor, acredita mesmo que essa pessoa é o traficante mais procurado?
Certa vez entrevistei o delegado Lauriston Góes, ex-Delegado Geral e atual delegado da Divisão de Polícia Especializada em Meio Ambiente, da Polícia Civil do Pará. E ele me dizia exatamente o que segue. Esse maior traficante, traficante mais procurado ou seja lá quais forem as adjetivações, não passa de um “testa de ferro”. O grande traficante está limpo, longe das vistas da lei, do Ministério Público, da Justiça, etc. O grande traficante está em uma mansão cercada de seguranças e carros blindados, com todos os confortos e mordomias dignos dos maiores magnatas do petróleo, com mulheres lindas a lhes beijar os pés.
É possível até que estejam revestidos com um mandato de deputado ou qualquer outro cargo público. Mais ainda, que estejam ocupando grandes funções nos órgãos oficiais que deveriam zelar pelo bem comum.
Assim, esse pessoal está longe dos holofotes da Lei, porque posam para as objetivas das colunas sociais, das grandes revistas de badalação nacional e assim por diante. Mas o tráfico vai correndo solto, frouxo, com pequenos sendo presos e com milhões se deteriorando, porque, nesse mundo de drogas não existe piedade, mas sim, muita maldade, egoísmo, onde o milionário, a cada dia, fica mais milionário, e os asseclas, disputam os pontos de drogas; matam, esfolam, induzem menores, levam famílias à desgraça, tomam tudo de quem já não tem nada e assim por diante.
Pena que a Justiça – que dizem ser cega -, anda ao lado da impunidade, e, por ser cega, não avista onde estão realmente infiltrados os grandes criminosos. É por isso que o Brasil, como se diz na linguagem popular, “não tem jeito”.

SALADA

º A Polícia vem desenvolvendo um trabalho desde o ano passado, para impedir que jovens adolescentes estejam pelas ruas depois das 22h, sem a presença dos pais e documentos.

º A campanha é assim chamada: “Aonde está seu filho?”º A iniciativa é digna de elogios, mas muitos policiais acham esse trabalho um desperdício.

° Por quê? Porque enquanto jovens são abordados pelas ruas nessa campanha que muitas vezes deixam pessoas constrangidas, crianças estão a vender bombons, frutas e outras guloseimas; a fazer acrobacias e outra peripécias em busca de trocados sob os semáforos da cidade.

° Quem é que se importa com essas crianças que, no fundo, estão em situação de risco?

º Aonde estão as autoridades, Ministério Público, Promotoria da Infância e da Juventude, direitos humanos que não enxergam essas situações sobretudo depois das 22 horas?

º Motociclistas sérios se dizem constrangidos quando param nos semáforos ou em outros locais e as pessoas os olham atentamente, desconfiados de que se trate de bandidos?

° Fazer o quê, nesses casos?

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