Madeireiros suspendem demissões

Roberto Barbosa e Reginaldo Ramos

Desde a sexta-feira passada, 15, quando as autoridades ambientais do Estado apreenderam quinze mil metros cúbicos de madeira e estouraram 190 fornos carvoeiros no município de Tailândia, a indústria madeireira local expediu 1.118 avisos prévios de demissão, além de ter demitido sem aviso 836 trabalhadores. Com a revolta dos trabalhadores protagonizada com cenas de violências no centro da cidade, anteontem, que culminaram com a suspensão temporária da operação ambiental, as demissões foram suspensas e ontem todos os dispensados já haviam voltado ao trabalho.
As informações sobre em que pé estão as coisas em Tailândia foram passadas à reportagem, ontem à tarde, pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Madeireira do município, Francisco das Chagas. Segundo ele, as demissões não passaram apenas de ameaças. Elas foram executadas em função de a indústria ter paralisado as atividades por causa da fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, em conjunto com Divisão Especializada em Meio Ambiente-Dema, da Polícia Civil, Batalhão de Polícia Ambiental e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis-Ibama, além da Polícia Federal. Todavia, como houve abertura de negociações e a madeira ficou de permanecer no pátio das indústrias, os madeireiros retrocederam e vão rever todos os casos de demissões.
Francisco das Chagas ponderou que pelo menos 250 trabalhadores vão ser demitidos, porque uma das indústrias ficou mesmo de paralisar em definitivo as atividades. De acordo com o sindicalista, hoje existem cerca de 3.800 trabalhadores sindicalizados e empregados, mas a classe chega aos seis mil que trabalham indiretamente no ramo.
Conforme disse Chagas, o que está sendo questionado pelos órgãos ambientais não procede com relação a irregularidades, dado haver indústrias que estão com processo de projeto de manejo ambiental em andamento há mais de três anos nesses mesmos órgãos, sem que haja qualquer definição. Para o sindicalista, são as autoridades ambientais mesmo que acabam provocando o trabalho ilegal. No entanto, afirma, as madeireiras todas estão legalizadas e agora, que são fiéis depositárias dos produtos então apreendidos, irão regularizar as pendências para que tudo seja normalizado. A opinião de Chagas foi ratificada pelo presidente do Sindicato da Indústria Madeireira de Tailândia, João Medeiros, o qual disse esperar que o Governo do Estado acelere a liberação dos projetos de manejo que estão com processo em andamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente-Sema.
Medeiros informou também que amanhã, uma comissão de madeireiros deverá seguir de Tailândia para ter uma audiência com a governadora Ana Júlia Carepa, no sentido de que se encontre uma solução para a situação.
No entanto, uma reunião ontem à tarde na Casa Civil do Governo do Estado do Pará, entre a governadora Ana Júlia Carepa, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Valmir Gabriel Ortega, e o superintendente regional do Ibama, Aníbal Picanço, definia o esquema para a volta às fiscalizações no município de Tailândia, que deverão retornar a qualquer momento, segundo informou uma fonte da Sema.
A mesma fonte, que pediu para não ser identificada, revelou que as fiscalizações, na verdade, não paralisaram, pois há diversos órgãos ambientais funcionando normalmente em Tailândia. Disse também que o que ocorreu naquela cidade do sudeste do Estado, foi “uma baderna patrocinada por donos de madeireiras e não particularmente por trabalhadores madeireiros”.
Na reunião de ontem, apenas seria avaliado o que ocorreu em Tailândia e a forma como as operações deverão ser retomadas, dado tratar-se apenas de um trabalho que visa cumprir a lei e, acabar com a operação, significa concordar com o desmatamento e o furto de madeiras da selva amazônica, que não dá lucro para o Estado e nem para as populações das redondezas, apenas para os madeireiros que se beneficiam ilegalmente com a extração.

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