Vitória da Seleção Brasileira não desperta mais tanta atenção para os jornais do dia

ROBERTO BARBOSA

Não obstante o fato de uma pesquisa ter mostrado que metade da população ainda procura pelos jornais diários para se inteirar dos principais casos do momento, não percebo mais o mesmo entusiasmo que se via nas décadas de 1970/80. Naquela época eu já me despertava para as letras e o interesse era grande pelas notícias. Nós éramos muito pobres e jornal só entrava em casa quando acontecia algo, digamos assim, inusitado. Lembro do grande desastre ocorrido na antiga Curva da Castanheira, com dois ônibus da viação Prumo e um caminhão em que morreram muitas pessoas; da queda do avião da Paraense Transportes Aéreos em que morreram 38 pessoas, entre elas o cantor nordestino “Coronel Ludugero”; e assim por diante.
Fim da década de 1970, arranjei uns trocados e comprei meu primeiro exemplar do jornal “A Província do Pará”. E observei que, não chegasse cedo quando houvesse um acontecimento importante, certamente, não compraria meu exemplar, o que se repetiu por muitas vezes.
Terça-Feira passada, quando o Brasil jogou com a seleção da Coreia do Norte e ganhou por parcos 2X1, acreditem, encontrei exemplares de pelo menos dois dos jornais em circulação em Belém em uma banca no subúrbio já no meio da tarde de quarta-feira.
Pode-se dizer que o jogo de ontem, contra a seleção da Costa do Marfim, marcado pela violência e pela tensão, mostrou em campo uma Seleção Brasileira digna do que já conhecemos sobre a qualidade de nossos craques. Mesmo assim, nesta manhã, lá estavam os jornais expostos nas bancas, sem despertar grandes interesses, apesar das capas criativas, coloridas, festivas, dos pôsteres, etc.
Sei lá se haverá mais tarde algum exemplar pelas bancas, mas, acho que a velocidade da informação pela TV e Internet, onde qualquer um tem como extrair uma foto de boa qualidade dos craques e dos principais momentos do jogo, faz com que o jornal que sai no outro dia já fique para segundo plano, ultrapassado, embora seja um documento histórico sem igual.
Em meus tempos a gente via o clima de entusiasmo na compra do jornal. Agora, o entusiasmo fica mesmo apenas por conta das festas, da barulhada das vuvunzelas, das bandeiras pelas ruas enfeitadas, do churrasco, cerveja e tudo o mais. Óculos que lembram o nosso “Anormal do Brega”. Hoje é o dia do intelectual, mas, leitura que é bom...necas de pitibiriba.

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