Cultura está esquecida

Roberto Barbosa

Existem muitos movimentos promovendo cultura pelo país afora. Algumas iniciativas, como as feiras dos livros, bienais, concursos de redações, poesias, contos, entre outros, são bastante concorridos, mas é mais louvável o implemento a uma política pública voltada para o incentivo à leitura, cada vez mais longe dos jovens, estes, aficionados pelos mundos eletrônico e virtual que tem muito de cultura, mas também, de incultura.Lembro do saudoso professor e jornalista Isaac Dias de Medeiros Gomes, militar da reserva do Exército e grande educador apaixonado pelo Instituto Estadual de Educação do Pará-IEEP. Em sua época, não obstante todo um moderno conteúdo programático da língua portuguesa, ele não abria mão das aulas de redação. Os alunos treinavam, o tempo todo, redação, e ele dizia que adorava ensinar as pessoas a lerem bem e escreverem bem, estes, os principais objetivos do ensino de língua portuguesa. Para Professor Isaac, depois de saber ler, interpretar e escrever, o aluno estava pronto para aprender a estrutura da língua e seguir longe como futuro educador, já que os alunos do IEEP tinham a pretensão de serem professores de ensino fundamental.Ali, o sujeito aprendia ler e escrever. Aprendia a ter o gosto pela leitura, verdadeiro mundo encantado que pode nos transportar para a terra do conhecimento, das realizações e dos sonhos. Ler, um hábito salutar.Hoje verifico que os estudantes têm tanta preguiça de ler, que nem entendem as questões de provas, sobretudo em concursos públicos, daí o grande número de reprovações.E aqui, finalmente, chego aonde desejo: estamos chegando ao final do ano, época em que ocorrem as confraternizações, amigos invisíveis, tempo de se presentear, sobretudo as pessoas a que amamos, os amigos, parentes. Época propícia para a solidariedade.Pois bem: verifico que muitos jovens estão pedindo tênis, calças jeans, camisas, tudo de marcas que não condizem com os achatados salários do brasileiro. Outros vão mais alto ainda. Querem ganhar aparelhos de MP 5, este, a coqueluche, e por aí vai. Ninguém pede, ninguém se lembra de pedir um livro de presente, maravilhoso presente. Quem está disposto a presentear, também não pensa em livro; se pensa, não tem para quem dar porque ler não é hábito comum como ir para os cyber’s, assistir a novela das 8 (20h), participar das festas, sobretudo cheias de brega. Mas tem aqueles que preferem a chamada “cultura inútil”.Numa rodada de família, ontem, eu falei sobre livros. Minha filha pulou à frente e disse que seria uma boa, mas argumentou que só se pode dar um livro para a pessoa que a gente conhece muito bem o gosto literário. De repente, passei a pensar que o gosto literário é algo que se aproxima da intimidade...Que coisa!Mas, aos nossos educadores, seria bom que seguissem um pouco das lições do grande mestre Professor Isaac Dias de Medeiros Gomes, colocando os jovens para lerem, ainda que utilizem para isso o mundo virtual. Não importa. Interessa é ler e ler, conhecer. A base de tudo e para tudo é o conhecimento.

Comentários

Ei, passei por aqui. Prometo passar sempre, já que linquei seu blog ao meu.

Abraços
Unknown disse…
É legal você ter lembrado do Professor Isaac. Eu sou sobrinho dele, lembro que quando muleque eu ia com ele vender a Revista do IEP e seus livros. Muito legal aquela época.
Saudações,
José Raimundo (J.R.)

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