Abertura, Perestróica, a esquerda, o governo e a história do Brasil

ROBERTO BARBOSA

De repente, dei um mergulho no final da década de 1970 e início de 1980, época em que eu começava, com todo o entusiasmo de um jovem de apenas 17 anos, minha carreira profissional de jornalista, empolgado em buscar a notícia verdadeira, nua e crua, em publicar o que apurara, em criar um jornal onde pudesse discordar de tudo o que achasse errado neste país, não importasse a quem fosse doer. Era o início do governo de João Baptista de Oliveira Figueiredo, não menos rabugento que os generais que o antecederam na Presidência da República na era militar.
Me lembro que Carlos Imperial – depois eleito vereador bastante antipático pelo Rio de Janeiro – comandava um programa semanal na Rede Tupi de Televisão, pioneira TV no Brasil – Canal 4 de São Paulo, onde lançou até uma música para o novo presidente em que o refrão dizia “Figueiredo, Figueiredo; Figueiredo, Figueiredo”, pois o novo presidente era sinônimo de esperança para o Brasil. A Tupi, que tanto propagou a chegada do novo presidente, foi por ele extinta, juntamente com a TV Marajoara Canal 2, de Belém, através de decreto denunciado à época como autoritário e supostamente atendendo a anseio de emissoras concorrentes mais poderosas. Fora ali que Figueiredo daria a arrancada para duas novas redes, o SBT, que ainda está aí a duras penas, e a Rede Manchete, já extinta.
Naquele início de década, pouco antes do fechamento da Tupi com a quase extinção dos Diários e Emissoras Associados, vinha ao Brasil pela primeira vez o Papa João Paulo II, cuja visita ao Pará eu tive a oportunidade de participar da cobertura jornalística.
Naquele mesmo ano, eu já estava acostumado a ler jornais do Rio, São Paulo e Brasília, assim como alguns alternativos, tipo o ‘Marco Zero’, que mais tarde daria nome ao “Diário da Manhã”, de Goiânia; o “Hora do Povo”, que representava bem as esquerdas já bastante visíveis, pois se falava em Abertura Política – a Perestróica brasileira. Ainda nessa fase, pude ver meu saudoso amigo, o repórter policial Adamor Filho a entrar em rede nacional, claro, pela TV Marajoara-Rede Tupi, para narrar os assustadores episódios referentes às ações da Turma da Bailique, que teria invadido vários colégios secundaristas da capital e espancado crianças e jovens estudantes.
Eu, que também lecionava á época, me senti no dever e obrigação de liberar meus alunos para evitar problemas. Corajoso, fui para a Avenida Presidente Vargas, onde comprei os jornais que só chegavam do eixo Rio-São Paulo-Brasília nos vôos da tarde e, às bancas, início da noite. Era a mesma fase em que começaram a explodir bancas de jornais e revistas não apenas em Belém, como em várias outras cidades brasileiras, o que a esquerda teria atribuído ao governo militar.
Figueiredo fazia, então, um discurso inflamado, onde falava que, se queriam fazer algum atentado, que o fizessem contra ele mesmo.
Lembrei-me dessa fase áurea de minha juventude e de minha carreira profissional ao ler, nesta manhã, que os militares daquela época de torturas, repressões e assassínios,l estão querendo fazer um manifesta neste mês, para apontar os ministros com tendências terroristas que fazem parte do governo Lula, isto porque, o ministro da Justiça, Tarso Genro, falou recentemente ser necessário que haja punição para milicos que mataram, que torturaram, que seqüestraram e que assassinaram pessoas em nome do que classificavam de segurança nacional.
Agora, vilões e mocinhos entram em confronto. A população assiste a tudo, atônita, mas passiva, como que a ficar na frente da TV, na hora da novela do horário nobre da Globo. Mas, a história continua.

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