Assassinato de casal por traficantes de drogas deixa vizinhos apavorados

ROBERTO BARBOSA

Estarrecidos. É assim que estão os moradores da Avenida João Paulo II, trecho compreendido entre as passagem Eliezer Levy e Gama Malcher, no bairro do Souza, em Belém, onde, na madrugada de sexta-feira passada, homens que são suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas, mataram o casal José Fábio Pinheiro e Ana Paula Lindoso, que estavam há pouco tempo residindo em um quitinete de habitação coletiva naquele perímetro.
O crime ocorreu por volta das 3h40, no momento em que as vítimas chegavam em casa, em um automóvel Fiat Palio.
José Fábio foi chamado pelo nome por um homem que se fazia acompanhar de outros três desconhecidos e que estavam em um automóvel Honda Civic, preto. Ao se voltar para quem lhe chamava, os assassinos começaram a atirar. Em seguida, deram mais um tiro na cabeça da vítima. É o chamado tiro de misericórdia, ou então, aquele que fulmina de vez com a vida da vítima.
Como Ana Paula tentou correr e seria testemunha contra os criminosos, eles decidiram, também, matá-la, com vários tiros na cabeça. Logo a seguir, segundo apurou o delegado Fernando Flávio, da Seccional Urbana da Pedreira, que está à frente das investigações e era o delegado de ronda daquele dia, os criminosos pegaram o carro das vítimas e fugiram.
Todavia, Antonio Jorge dos Santos, o conhecido “Jorge Barão”, foragido da Penitenciária de Americano, onde cumpria pena por assalto à mão armada e também acusado de chefiar o tráfico de drogas nos bairros do Souza, Marambaia, Marco e Curió-Utinga, foi preso algum tempo depois do crime, quando dirigia, sozinho, o Honda Civic com as mesmas características informadas à Polícia por uma testemunha. O veículo foi revistado e os policiais encontraram uma pistola ponto 40, de uso restrito da Polícia do Pará, e que está sendo examinada no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. “Jorge Barão”, no entender do delegado Fernando Flávio, voltou ao local do crime para se certificar de que havia mesmo matado as vítimas, oportunidade em que foi preso.
Em depoimento na Seccional da Pedreira, o suspeito negou o crime, mas silenciou com relação ao porte da arma, assim como, por estar foragido e conduzindo um carro caro sem habilitação. Ele foi visto, por policiais, urinando na própria mão, na tentativa de limpá-la para o exame de pólvora combusta, realizado na própria sexta-feira, no "Renato Chaves".

SUSPEITAS
Até ontem à tarde, a Polícia ainda não tinha pistas dos demais envolvidos no crime, mas continua acreditando que as mortes de José Fábio e Ana Paula foram praticadas por encomenda do tráfico de drogas, já que a primeira vítima era suspeita de ter mandado matar ou de ter pessoalmente morto o traficante conhecido por “Régis”, que era o chefe do tráfico de entorpecentes naquela área e era primo de “Jorge Barão”.
No local do crime, ontem, vizinhos se recusavam a comentar o fato, mas um rapaz disse ter ouvido os disparos e visto, da porta de sua casa, os dois veículos se afastando em alta velocidade pela Avenida João Paulo II, nos rumos de São Braz.
Segundo informações também na área, costumeiramente, eram vistas viaturas da Polícia Militar na frente da vila onde José Fábio vivia com a namorada Ana Paula. Os vizinhos acreditavam que o rapaz era policial, mas não sabiam o que policiais militares faziam no local, nem jamais suspeitaram que pudesse haver qualquer envolvimento das vítimas com criminosos. "Meu Deus, se eu fosse um cara curioso, eu teria saído e poderia até levar um tiro dado pelos bandidos para não ficar nenhuma testemunha", disse o rapaz, assustado com o fato de ter ocorrido um crime nesse ponto do bairro do Souza, que é considerado um dos mais calmos da capital paraense.

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