UGT e Vale elaboram projeto contra a exploração sexual na área de Carajás

Coordenadora da Fundação Vale, Andréia Rabetim, durante palestra esta manhã no Novo Hotel Belém/Fotos: Jorge Nascimento José Francisco Pereira, presidente da UGT-PA.

ROBERTO BARBOSA
Um trabalho de responsabilidade social está sendo desenvolvido pela Fundação Vale do Rio Doce em parceria com a União Geral dos Trabalhadores do Brasil objetivando o combate à exploração sexual infanto-juvenil nas vilas e municípios situados na área entorno ao Projeto Salobo, na região de Carajás, no Estado do Pará. Para instalação final do projeto deverão fixar residência em duas vilas já em construção, cerca de oito mil homens, o que motiva a preocupação da direção da empresa multinacional.
A coordenadora da Fundação Vale para o Pará, Andréia Rabetim, proferiu palestra na manhã de hoje no auditório do Novo Hotel Belém, para representantes de diversas instituições sindicais afiliadas à UGTB-Pa, central esta que deverá elaborar o projeto final a ser desenvolvido entre os trabalhadores do Projeto Salobo e as comunidades nativas da região de Carajás, dado que as medidas a serem adotadas para o desenvolvimento do trabalho, vão atingir também essas pessoas, em função de uma série de fatores, como a falta de oportunidade de trabalho para os pais dessas crianças e adolescentes que poderão vir a ser vítimas de exploração sexual.
O presidente da UGTB-Pa. e diretor para Direitos Humanos da UGT Nacional, José Francisco Pereira, informou que a central foi contatada pela Fundação Vale do Rio Doce para firmarem uma pareceria e desenvolver um projeto de conscientização a ser trabalhado nas duas vilas que estão sendo construídas na área do Projeto Salobo, assim como, nas localidades vizinhas, principalmente as vilas Paulo Fonteles e Sanção, onde residem comunidades nativas que ficam distantes cerca de 40 quilômetros do canteiro de obras. As crianças e jovens adolescentes que residem nesses lugares poderão vir a se transformar em vítimas da exploração sexual, pois entrará na região uma população de aproximadamente oito mil homens que vão trabalhar no novo investimento da Vale.
É pensando nesses trabalhadores, assim como nas crianças e adolescentes, que a Fundação Vale do Rio Doce e a UGT devem, com o auxílio de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e outros profissionais da área humana, elaborar um trabalho de conscientização, o qual irá mostrar para os interessados, com todas as letras, que “a exploração sexual infanto-juvenil é crime, é ilegal e é imoral”, como informou José Francisco Pereira.
Todavia, acrescentou Pereira, no projeto ora elaborado, a UGT vai mostrar à Vale a importância de se fornecer uma opção de renda para as comunidades das adjacências, “porque nós sabemos que em muitos casos de exploração sexual infanto-juvenil, isso decorre de as famílias estarem desestruturadas financeiramente, por falta de emprego e desenvolvimento de políticas de inclusão social”. Deste modo, disse, “não adianta se fazer apenas conscientização se não oferecermos uma proposta que dê condições de essas possíveis vítimas estarem nas escolas, terem algo diferente e que lhes dê meios de sobrevivência”.
Segundo Pereira, o projeto ora elaborado deverá ser apresentado pela Vale e UGT no período de 25 a 28 de novembro próximo, quando estará acontecendo no Rio de Janeiro o Congresso Nacional de Combate à Exploração Sexual.

ÁREAS DE RISCO
Indagado se a União Geral dos Trabalhadores do Brasil no Pará pretende desenvolver trabalho semelhante em outras áreas do Estado, Pereira lembrou que a UGT é uma central social. Por isso mesmo, já detectou problemas relativos à exploração sexual infanto-juvenil em municípios como Breves, no Marajó; São Miguel do Guamá, no nordeste paraense, assim como em Belém, que sofre toda a influência do êxodo rural e do desenvolvimento de grandes projetos de desenvolvimento mineral e agropecuários.
Logo que foi informado quanto à elaboração do projeto, Francisco Pereira viajou para a região de Carajás, onde foi ver in-loco o que está sendo feito, para ter uma visão da realidade local, assim como o que já observou nas outras cidades do Estado que também sofrem essa influência negativa, um retrato cruel da exclusão social. Falou, por fim, que a organização não-governamental Esperança, da Bahia, tem trabalho nessa questão, fazendo levantamentos periódicos que estão chegando ao conhecimento da UGT-Pa, que pretende, desta maneira, fazer com que o projeto elaborado para Carajás, seja desenvolvido também nesses lugares com apoio da Vale, a qual, assim, estará fazendo o seu papel de responsabilidade social.

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