Parece ser fácil ter um castelo

ROBERTO BARBOSA

Quando o presidente dos Estados Unidos Barack Obama descobriu que havia, entre seus principais assessores de Estado, duas pessoas com débitos junto ao fisco norte-americano, publicamente assumiu o erro e disse estar decepcionado por ter metido os pés pelas mãos, afinal, nos EUA, como ele mesmo disse, todo mundo tem de pagar seus impostos, não importa quem seja e se ocupa alto cargo federal. Só que, na América, ainda funciona o princípio da liberdade e da democracia.
Aqui no Brasil a coisa não é bem assim que funciona. Foi por isso que o deputado Edmar Moreira, que assumiu o cargo de corregedor da Câmara dos Deputados, falou claramente ontem em coletiva à Imprensa, que pretende continuar exercendo sua função, quando, na verdade, deveria se afastar imediatamente – caso os escrúpulos fizessem parte da sua filosofia de vida.
No entender de Moreira, foi muito fácil levar alguns anos de sua vinda a construir, com os lucros de sua empresa de segurança, um castelo contendo apenas 36 suítes e torres de até oito andares que, depois, ele doou para os filhos. O imóvel é avaliado na bagatela de R$ 25 milhões e ele ainda tem um terreninho, coisa boba, avaliado em R$ 17,5 milhões.
Em função disso, o correto deputado disse que não poderia renunciar ao cargo, posto que não fora condenado por nenhuma instância superior e que não era mais dono do imóvel, mas sim, seus filhos. Lembrou, ainda, que chegou a ter cerca de oito mil funcionários e que não devia absolutamente nada à Previdência Social, desmentindo, deste modo, a Receita Federal, que declarou ao Ministério Público Federal ter o nobre parlamentar, renegociado parte da dívida no Refis, o programa de Recuperação Fiscal, do qual foi excluído por inadimplência. A própria Receita declarou mais: que há outras dívidas renegociadas pelo deputado.
Fiquei me lembrando do fictício deputado Romildo Rosas que, ao confessar seus crimes, disse que ele era apenas um a menos, mas que havia muitos outros políticos cometendo crimes pelo restante do Brasil, o que não é nenhuma novidade.
O que existe de políticos – sobretudo parlamentares federais – que chegaram em Brasília ostentando riquezas oriundas de fontes duvidosas não está em nenhum gibi. Aqui mesmo no Pará, temos casos célebres, de verdadeiras raposas políticas que se locupletam no poder há anos.

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