Agatha Christie: uma lição de vida

ROBERTO BARBOSA

Finalmente terminei de ler o livro que já venho comentando faz algum tempo, a autobiografia da escritora inglesa Agatha Christie. Eu fiquei impressionado com o que li. Acho que foi por isso que levei tanto tempo lendo, pois o fazia devagar, com bem tempo, para poder entender tudo e não perder absolutamente nada.
A princípio, parece uma reminiscência sem fim. Que nada! A leitura vai envolvendo a gente de uma forma que se chega ao fim, cada vez com mais interesse, como quem vê uma novela.
Em sua autobiografia, Agatha se mostra muito pessoal e diz claramente que, quando resolveu escrever, colocou tudo o que desejou narrar, se demorou no que desejou, recordou o que quis e não teve cronologia e espaço quanto à história de sua vida. A autora, para se ter uma idéia, começou a escrever o livro na década de 1940, pouco depois da II Guerra Mundial, no Oriente Médio, onde se encontrava com o marido, e só terminou de escrevê-lo em outubro de 1965, quando disse que estava se aposentando, pois já havia escrito tudo o que quis e imaginou.
Autora de uma série de romances policiais, Agatha teve seus livros traduzidos para vários idiomas, inclusive o Português. Um mistério que cerca a vida da escritora é um suposto seu desaparecimento, à uma altura de sua vida, o qual, os editores de suas obras, dizem que ela não menciona e nem revela. Contudo, estudando-se mais atentamente a autobiografia, percebe-se que seu “desaparecimento” ocorreu em uma das inúmeras viagens internacionais, quando ficava em casa de grandes amigos no estrangeiro. Talvez, esse período esteja relacionado à época em que ela separou-se de seu primeiro marido, o que lhe causou dor e decepção. Todavia, ela não cita essas viagens como desaparecimentos, até porque, não estabelece espaço e tempo.
Então, creio eu, ela fala, sutilmente, de seu “desaparecimento”, mas, só quem está atento e conhece um pouco a vida da escritora, o percebe.
É interessante ver que ela fala de sua infância feliz, de sua vida como escritora profissional e das dificuldades que tinha para escrever, porque, como todo autor, não gostava de ser perturbada quando estava produzindo, porém, raramente, ficava sem ter alguém para lhe interpelar, o que faz a idéia, às vezes, se perder. Agatha, desde pequena, criava seus personagens, brincava com eles e foi assim que se despertou para vir a produzir uma literatura policial, algo inusitado nas mulheres que em geral buscam a poesia e o romance puramente dito para expressarem seus sentimentos.
Ao final do livro, ela esclarece que está feliz ao lado de seu marido, da filha, do neto, enfim, das pessoas que ama. E ainda recorda sua velha casa, onde brincou e criou seus primeiros personagens, casa esta destruída em função do progresso, mas que existirá sempre no seu tempo, o presente passado eterno de cada um. E, com muita simplicidade, faz uma previsão de 40 anos atrás quanto ao tratamento às pessoas idosas, muitas vezes incompreendidas, como se vê ainda hoje, apesar de que, na atualidade, a humanidade tem vida mais longa e mais ativa, diferente do que ocorria.
Depois de escrever sua autobiografia, Agatha ainda viveu cerca de dez anos, e sua publicação foi in memória.
Ela nos deixa uma lição de vida, ao agradecer a Deus por tudo o que teve e por compreender bem como são seus tempos, do passado e do presente, e que aguarda pela única e certa passagem da vida, que é a morte. Um espetáculo de obra literária.

SALADA
° Essa história de direito constitucional de permanecer calado e só falar em juízo me tira do sério, e acho que toda a sociedade pensa assim, exceção dos juristas que fizeram a lei e dos advogados que a invocam para defender bandidos. Um horror.
° Chuvas tem mostrado o verdadeiro caos por que passam os moradores de bairros mais afastados como o Tenoné, cheio de violência, lama e falta de saneamento básico.
° Com as medidas do governo, poupança vai render menos ainda do que já era, mas o governo tentou fazer a população crer que seria o contrário.
° São os tempos de crise, que parecia uma “marolinha”. O problema, agora, é como sair da crise, pois, o único otimista na história, é o presidente Lula.
° Quem tem inteligência, deve repensar seus hábitos e costumes de consumo, doravante. Fechar a bolsa e não fazer crédito, neste momento, é um bom começo.
° Registro com alegria o aniversário de meu sobrinho, ocorrido anteontem. Cristia Emanuel é filho de meu irmão Raimundo e sua mulher, a Mocinha. Uma criança que é uma bênção.
° O deputado federal Wladimir Costa vai entrar na blogsfera nos próximos dias, com artigos polêmicos e mostrando o que está fazendo em Brasília.
° Amanhã, a igreja celebra o Dia de São José, Pai-Adotivo de Jesus Cristo, padroeiro das famílias e dos carpinteiros. Dia de missa obrigatória para os católicos.
° Continuam se registrando homicídios cometidos com requintes de crueldade na zona metropolitana de Belém. Em alguns casos, há suspeitos, mas ninguém foi preso em flagrante até então.
° Comenta-se que a transferência de Sebastião Cardias para a Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, teria sido para evitar sua execução em Americano. Ele está condenado pela morte e ocultação dos corpos dos irmãos Novelino, há cerca de três anos, crime que teve grande repercussão na capital paraense.
° Outro envolvido, o radialista Luis Araújo, está recolhido em um presídio no Estado do Mato Grosso. Será coincidência esses dois réus – o primeiro, executante, o segundo, contratante, - terem sido transferidos para fora do Estado por determinação da Vara de Execuções Penais?

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