A história de fé do povo paraense desde Plácido até nossos dias no século XXI



ROBERTO BARBOSA
ESPECIAL PARA O JORNAL POPULAR e BIP-NEWS

Segundo o site da Basílica Santuário, a devoção a Nossa Senhora de Nazaré teve início em Portugal. A imagem original da Virgem pertencia ao Mosteiro de Caulina, na Espanha, e teria saído da cidade de Nazaré, em Israel, no ano de 361, tendo sido esculpida por São José. Em decorrência de uma batalha, a imagem foi levada para Portugal, onde, por muito tempo, ficou escondida no Pico de São Bartolomeu. Só em 1119, a imagem foi encontrada. A notícia se espalhou e muita gente começou a venerar a Santa. Desde então, muitos milagres foram atribuídos a ela.
No Pará, foi o caboclo Plácido José de Souza quem encontrou, em 1700, às margens do igarapé Murutucú (onde hoje se encontra a Basílica Santuário), uma pequena imagem da Senhora de Nazaré. Após o achado, Plácido teria levado a imagem para a sua choupana e, no outro dia, ela não estaria mais lá. Correu ao local do encontro e lá estava a “Santinha”. O fato teria se repetido várias vezes até a imagem ser enviada ao Palácio do Governo. No local do achado, Plácido construiu uma ermida.
Em 1792, o Vaticano autorizou a realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, em Belém do Pará. Organizado pelo presidente da Província do Pará, capitão-mor Dom Francisco de Souza Coutinho, o primeiro Círio foi realizado na tarde do dia 8 de setembro de 1793. No início, não havia data fixa para o Círio, que poderia ocorrer nos meses de setembro, outubro ou novembro. Mas, a partir de 1901, por determinação do bispo Dom Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre no segundo domingo de outubro.
Tradicionalmente, a imagem é levada da Catedral de Belém à Basílica Santuário. Ao longo dos anos, houve adaptações. Uma delas ocorreu em 1853, quando, por conta de uma chuva torrencial, a procissão – que ocorria à tarde – passou a ser realizada pela manhã.
São muitas as histórias que cercam o Círio de Nazaré, entre elas a de que a pequenina imagem teria sido “esquecida” por religiosos portugueses que estariam a caminho do município de Vigia de Nazaré, onde o Círio é mais antigo no Estado do Pará, o que nunca chegou, de fato, a ser confirmado pela Santa Sé.
Certo é que, como diz o padre Antonio Beltrão, pároco da Paróquia de Sant’Ana da Campina, “Nossa Senhora queria ficar aonde está hoje, tanto assim que ela foi retirada por Plácido, levada para sua casa e retornou tantas quantas vezes foram necessárias até que ele entendeu que ela queria fosse erguido seu santuário naquele lugar e isso aconteceu. E só acontecem essas coisas pelo milagre da fé e a força divina de Deus que reuniu o povo paraense na devoção a Nossa Senhora de Nazaré”.

Por que de Nazaré

Maria Santíssima era uma jovem judia nascida na cidade de Nazaré. “Ele não é o filho de Maria, o Nazareno?” está escrito nas sagradas escrituras durante a Paixão e Morte de Jesus.
Nossa Senhora recebe vários títulos, mas Ela é uma só, ou seja, a “Mãe de Jesus”, explica Padre Pedro Dioclécio, vigário paroquial de São Judas Tadeu, do bairro da Condor. Então, se Ela era a virgem de Nazaré, ficou Nossa Senhora de Nazaré.
Mas, as aparições de Nossa Senhora são contadas pela história da humanidade e provadas pelo Vaticano. Assim, por exemplo, ela aparece em Loudes, na França, em Fátima, Portugal, em Guadalupe, no México, em Aparecida, no Brasil; ela também concede vitórias a povos e exércitos, daí Nossa Senhora das Vitórias, do Bom Remédio, do Bom Parto, das Dores (porque acompanhou como ninguém os sofrimentos de Jesus em sua paixão, da qual ela sofreu tanto, sem ajuda de ninguém a não ser Deus para se manter ali, firme, de pé, elegante, para que o projeto salvífico de Deus se concluísse naquela Hora Santa), e assim sucessivamente.
São incontáveis os títulos, mas a devoção Mariana está profetizada por Nossa Senhora no Evangelho de Lucas, quando diz, no seu Magnificat que “doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada”.

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