São João da Ponta: maior produtor de caranguejo quer se desenvolver





As fotos ao lado mostram o prefeito Nelson entregando a moto e as bicicletas para trabalho na área de saúde; colchões sendo arrumados para entrega com os quites às famílias atingidas pelas cheias; orla marítima de São João da Ponta, reserva extrativista de caranguejo e a igreja matriz de São João, por onde tudo começou no início do século XIX




A abertura do Porto do Espardate poderá representar a ascensão do novo município que vive da extração do caranguejo e da agricultura familiar

ROBERTO BARBOSA

Antes conhecido como maior produtor de caranguejo do Estado do Pará, São Caetano de Odivelas perdeu o posto para sua ex-vila e agora município de São João da Ponta, distante de Belém cerca de 130 quilômetros, no nordeste do Pará, área mais conhecida como micro-região do Salgado Paraense, com uma população de cerca de cinco mil habitantes, segundo dados da última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE. Antigamente, toda a produção de caranguejo de São Caetano, era extraída de São João, onde está a maior reserva extrativista do Estado. Com o desmembramento do município, a nova unidade municipal começa a despontar, sobretudo com a possibilidade, agora, de passar por seu território, a estrada de acesso ao futuro Porto do Espardate, em Curuçá, por onde o Estado deverá escoar sua produção de minério de ferro de Carajás para os grandes centros exportadores e importadores.
Estudos feitos pelas autoridades já mostraram que a profundidade do calado do Porto do Espardate é superior ao verificado no Porto de Santos, tudo, em função das grandes marés na região.
Lembra o prefeito de São João da Ponta, Nelson Almeida Santa Brígida, que a construção do Porto do Espardate é um projeto antigo, datado da década de 1970, quando Gabriel Hermes era senador da República. O porto não teria sido construído por decisões políticas que levaram a produção do minério de ferro do Pará para Itaqui, no vizinho Estado do Maranhão. Desta maneira, rever o antigo projeto é dar sinais de esperanças de desenvolvimento para todos os municípios da região nordeste do Estado, especialmente São João da Ponta, que já está na sua quarta legislatura e tem sua base econômica calçada na pesca de subsistência, agricultura familiar, extrativismo do caranguejo e nos projetos sociais dos governos federal, estadual e municipal.
Por ser um município em ascensão, São João da Ponta enfrenta toda sorte de dificuldades, como sua estrada de acesso, uma vicinal de piçarra a partir do Km 39 da Rodovia Castanhal-Marapanim-Curuçá (antiga estrada Belém-Marudá), que está no projeto, mas, até então, ainda não foi pavimentada, o que facilitaria bastante a vida da população local, inclusive com a construção de pontes de concreto, pois as existentes hoje ainda são precárias, de madeira. A partir do Km 39, são 20 quilômetros de vicinal com muita poeira em época de verão, e lama, no inverno, passando pelas localidades tradicionais de Vila Mangueira, Vila Nova, Açu e Jacarequara.
Neste ano, as chuvas arrasaram a produção de agricultura familiar, deixando dezenas de famílias, de diversas comunidades, em situação difícil. Por esta razão, foi criada, através de decreto municipal, a Coordenadoria de Defesa Civil, que recebeu a visita de técnicos dos governos federal e estadual, os quais constataram o estado de emergência na zona rural do município. Assim, com recursos próprios e oriundos de programas sociais, a prefeitura adquiriu cerca de duzentos kits contendo colchão, travesseiro, roupa de cama, mesa e banho, além de uma cesta básica, que foram distribuídos para as famílias devidamente cadastradas nos programas de agricultura familiar nas mais variadas comunidades da zona rural, locais difíceis de se imaginar que existem no coração da Amazônia Paraense, onde as escolas são os prédios mais modernos e conservados que existem.
A distribuição desses kits representou um alento para essas famílias que ficaram no prejuízo e não tinham de onde tirar o sustento, enquanto recomeçam tudo novamente, na esperança de que as chuvas não castiguem tanto a região no próximo inverno.
Segundo informações de moradores da cidade, hoje, São João da Ponta está crescendo. É um lugar bom de se viver, onde não há sinais de violência e as pessoas ainda podem sentar nas portas de suas casa ou esquecer da porta aberta. Não há grades nem portões eletrificados, as crianças brincam livremente pelas ruas, pois não há grande fluxo de veículos.
Por outro lado, destaca o coordenador da Defesa Civil, João Batista Ataíde Ferreira, o “Jota”, o projeto é desenvolver a indústria turística de São João da Ponta, pois a reserva extrativista de caranguejo está preservada por decreto do Governo Federal. Desta maneira, diz ele, “vale a pena seguir de Belém para ver uma reserva natural, de onde sai a maior produção de caranguejo do Estado, principalmente neste momento, em que o saboroso produto está ficando raro e caro por causa da degradação dos manguezais. Aqui, nossos pegadores de caranguejo trabalham com a consciência da necessidade de se preservar a espécie para garantir a sobrevivência das futuras gerações. Aqui a espécie não vai acabar; pelo contrário, vai aumentar”.

Comentários

Anônimo disse…
Município interessante. Onde podemos obter maiores informações? Existe site na net com mais fotos e mapas de São João da Ponta?
IMOVEIS À VENDA disse…
Por esses dias nagegando na net descobri um blog da cidade, é interessante! saojoaodaponta.blogspot.com
Paulo André disse…
muito bom, minha terra,minha vida.
quem não conhece precisa conhecer e viver a tranquilidade desse meu mundo sem igual.....

Postagens mais visitadas deste blog

Povo esquecido e abandonado no Tapanã

A hora e a vez da pesca artesanal se materializa com o festival em Igarapé-Miri

Comportamento de vereador, candidato a prefeito, chama atenção da população do Tauá