O Senado e alguns partidos

ROBERTO BARBOSA

Li nesse final de semana que se passou, uma interessante reportagem acerca da situação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que se encontra implodido em suas antigas convicções, tendo estado sempre ao lado dos últimos governos que passaram a partir da chamada “Nova República”. E me lembrei que, ainda jovem, em 1981, quando aluno normalista do Instituto de Educação Estadual do Pará, ingressei no Partido dos Trabalhadores, por sugestão da renomada professora de história, Ermelinda Melo, que encontrei pela última vez na capela de São Pedro, em Marudá, meu recanto de sossego, durante o carnaval passado.
Apesar de me ter filiado, não demorei muito a verificar que o PT não era minha praia. As bandeiras encampadas pelos líderes do partido, nada tinham a ver com meus ideais de cidadão e de jornalista. Já na década de 1990, acabei por me filiar ao PMDB, que aglutinava grupos políticos com os quais sempre me afinei. Ala da esquerda que defendia os direitos igualitários para a população e falava em português que todo mundo entende.
Todavia, apesar de continuar no PMDB, vejo com tristeza o afundamento do partido em um mar de lama, principalmente agora, em mais uma crise escandalosa envolvendo o Senado da República, onde o partido defende seu presidente, para acompanhar o pensamento do Chefe do Executivo que humilha esse que foi o maior partido político da América Latina e o único que resta de história dos últimos 40 anos, em troca de favores, de cargos. E por que digo isso? Porque ao Lula, que se lixe o PMDB, mas, ele sabe que necessita de seus líderes para poder continuar com toda a força. Assim, é preferível viver ao lado da madrasta ruim que ser jogado nos campos de limbo.
Pior, é que com a crise gerada a partir do senador José Sarney, presidente do Senado, o Partido dos Trabalhadores, igualzinho ao PMDB, entrou em um processo de desgaste mais acelerado ainda do que já estava. Exemplo claro está a saída da senadora Marina Silva, que se lançará candidata à Presidência da República pelo Partido Verde.
Todo mundo sabe que Marina Silva e Dilma Rousseff, sua adversária apontada por Lula para substituí-lo em 2011, tiveram grandes divergências administrativas, ao ponto de a primeira ser exonerada do cargo de Ministra do Meio Ambiente, voltando a assumir sua cadeira no Senado Federal. Parece que não havia espaço para as duas e, deste jeito, a ex-ministra do Meio Ambiente deixou o PT, sabedora que enfrentar o seu ex-partido fortificado por Lula, será como uma luta entre Davi e Golias.
Brigas internas são imensas, são constantes no PT. Por causa da encrenca envolvendo José Sarney, Mercadante queria deixar a liderança do partido, mas foi contido. Quer dizer, PT e PMDB estão passando pelas mesmas situações, só que, o primeiro, é protagonista de uma história na qual se perdeu, e o segundo, que chegou ao governo e só tinha experiência de fazer oposição, acabou por provocar um desagregamento de correntes. Ambos se perderam no tempo. Seus líderes, senhores da razão, não escutam as vozes experientes e históricas, tornando suas brigas – que deveriam ficar “em família”, - públicas, o que poderá realmente influenciar o eleitor em 2010, apesar da “injeçãozinha” aplicada pelo presidente Lula, nos seus programas assistencialistas, que fazem com que as pesquisas o apontem como um bom presidente do Brasil.

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