Comércio festeja Sant’Ana com paróquia de 282 anos





Depois da missa de ontem, Padre Beltrão esteve reunidos com representantes das pastorais. No sábado, ele encerrou a III Semana Missionária, também com missa na Capela do Colégio Santo Antonio
ROBERTO BARBOSA
ESPECIAL PARA O PÚBLICO E BIP-NEWS

Começou ontem, às 9h, na capela do Colégio Santo Antonio, solenemente, a semana da festividade de Sant’Ana, padroeira dos bairros da Campina e do Comércio, no centro de Belém. “Com Jesus, por Sant’Ana, missionários da Justiça e da Paz” é o tema deste ano da festividade que envolve todos os grupos, pastorais, movimentos e a comunidade católica. Padre Antonio Beltrão, pároco de Sant’Ana, diz que as homenagens aos padroeiros das paróquias foram feitas para reanimar a fé do povo cristão no seguimento dos ensinamentos de Jesus Cristo através do Evangelho. No caso da quase tricentenária paróquia do centro da capital paraense, essas festas sempre renderam resposta positiva dos católicos, que participam intensamente, isto levando-se em consideração a atipicidade da igreja que fica localizada em plena área comercial, onde existem poucas residências e as pessoas em geral não trabalham aos fins de semana.
Para completar, lembra o sacerdote, as festividades, que eram intensas em outras épocas, paralisaram por algum tempo e só retornaram com o esplendor de antigamente há sete anos. Contudo, o povo, que parecia tão acanhado, se achegou de forma positiva e, a cada ano, aumenta a frequência sobretudo nesta fase em que ocorre as festas, momento forte de evangelização, de inter-relação entre os grupos de atuação na igreja que se apresenta viva com Cristo Ressuscitado.
De acordo com Padre Beltrão, há quatro anos e seis meses, entretanto, a festa em honra de Sant’Ana teve que mudar radicalmente no seu processo, pois a igreja-matriz foi fechada para obras de restauração em sua linha arquitetônica original pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Assim, todos os ofícios religiosos – missas, novenas, batizados, casamentos e outros – passaram a ser realizados na capela do Colégio Santo Antonio, assim como, nas capelas da comunidade paroquial – Colégio Dom Bosco, Circulo Operário e Irmãs Doroteia.
Mas ninguém deixa de perguntar ao sacerdote quando a igreja-matriz será reaberta definitivamente, o que tem lhe deixado bastante preocupado, pois teme que ocorra a desagregação dos fiéis, dado o tempo em que o templo já permanece fechado. “Em relação à frequência que se observava quando a igreja estava aberta, houve uma queda, porque a igreja passava o dia inteiro aberta e muitas pessoas que estavam no comércio entravam para visitar e fazer suas orações; em relação aos paroquianos não houve diminuição, eles continuam participando conosco, nas celebrações no Colégio Santo Antonio”, pondera o Padre Beltrão que encaminhou ofício à diretoria regional do IPHAN perguntando se há uma previsão para a conclusão das obras, que não foi respondido até o momento.
“O que nos informam é que as obras estão dentro do prazo, mas nós não sabemos que prazo é este. Eu não posso dizer nada enquanto não tiver um posicionamento oficial, por escrito, do IPHAN, sobre quando realmente a igreja reabrirá”, afirmou o sacerdote.




É A SEGUNA PARÓQUIA MAIS ANTIGA DA AMAZÔNIA

A Paróquia de Sant’Ana da Campina é a segunda mais antiga da capital paraense e da Amazônia, ficando atrás apenas da Paróquia de Nossa Senhora da Graça (Catedral de Belém). Fiéis que frequentam o local se dizem tristes pelo fato de a igreja estar fechada, mas sentem-se satisfeitos em saber que o templo está em obras de restauração e que, cedo ou tarde, será reaberto para o público, voltando a ter as grandes celebrações religiosas e os consertos musicais de tempos áureos, quando era pároco o Monsenhor Nelson Soares, que teve um paroquiato de 26 anos.
Quando a paróquia foi criada em 1º abril de 1.727 – ressalta Padre Beltrão, - funcionava provisoriamente na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, também no bairro da Campina, passando para o majestoso templo traçado por Antonio José Landi em a 2 de fevereiro de 1.782. O templo teve sua abençoada sua pedra fundamental para início da construção em 1.761. Portanto, foram 19 anos de construção para que chegasse ao que é hoje, mas somente há pouco mais de cem anos é que foram colocadas as duas torres que embelezam o seu frontal com os campanários onde os sinos, sobretudo o maior, chamado “Aragão”, já foi restaurado pela comunidade e que devem repicar na solene missa campal a ser celebrada no próximo sábado, às 10 horas, na chegada da procissão com a imagem de Sant’Ana que todos os anos é levada pelas ruas do Comércio, para abençoar o povo, saindo da Igreja das Mercês, localizada no tradicional conjunto arquitetônico dos Mercedários.

A FESTIVIDADE

Trata-se de uma festa planejada com todo o carinho e nos seus mínimos detalhes. Padre Beltrão lembra que a festividade tem o ponto de partida com o Jantar de Sant’Ana, já realizado há oito anos, na Comunidade São José, além da elaboração do tema, em geral, seguindo padrões da Campanha da Fraternidade ou de algum projeto de evangelização da Arquidiocese de Belém – que agora desenvolve em toda a igreja da capital o Projeto Belém em Missão.
Há uma diretoria de eventos previamente constituída para tratar de toda a programação litúrgica e social, além da confecção do cartaz e dos folders utilizados pelos grupos encarregados da divulgação dos festejos em conjunto com a Pastoral da Comunicação.
Como se trata de uma paróquia de realidade atípica, toda a programação se desenvolve durante o dia. Na área social, é montado um pequeno arraial em frente ao templo em obras, onde são comercializadas comidas e bebidas típicas, além de artigos religiosos, realização de rifas e sorteios com a imagem de Sant’Ana.
As vendas no arraial se encerram por volta das 16h30, quando todos se destacam até à capela do Colégio Santo Antonio, para as solenes celebrações que iniciam sempre às 17h, com a chamada “Hora Santa”, onde é feita a novena em honra à padroeira, antecedendo a adoração ao Santíssimo Sacramento e a celebração da Santa Missa.
“Como nós estamos fora da nossa igreja, estamos todos trabalhando como nômades. De dia, ficamos na porta da igreja de Sant’Ana e, caminhando para o final da tarde, a gente levanta campana para ir rezar na Capela do Colégio Santo Antonio”, lembra Padre Beltrão dizendo que tudo isso faz parte da caminhada de ser e fazer igreja, pois, como dizia Jesus, ele não tinha nem onde recostar a cabeça. A igreja é peregrina e passa por essas dificuldades, mas não desiste, persiste, mesmo estando as outras pessoas curtindo o veraneio chamativo das praias do Estado do Pará.

SEMANA MISSIONÁRIA ANTECEDEU AS EMOÇÕES DA FESTA

Já pelo terceiro ano consecutivo foi realizada a Semana Missionária. Durante uma semana, desde o último dia 12, os missionários saíram em orações pelas ruas do Comércio, desde as 6h30, rezando e cantando, a acordar a comunidade.
Padre Beltrão diz que as missões são o preparativo para a Festividade de Sant’Ana. “No momento em que milhares de pessoas se destacam para passar as férias pelos balneários paraenses, nossa comunidade, solícita e piedosa, se une para orar, incansavelmente, por nossas ruas desertas, mostrando a presença viva de Cristo através de nossa igreja”.
Esta atuação da comunidade paroquial, lembra por fim o sacerdote, que assumiu a paróquia no dia 2 de fevereiro de 2002, tem feito com que as pessoas se acostumem com as atividades da Paróquia de Sant’Ana, buscando ouvir principalmente o anúncio da boa notícia do Evangelho”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Povo esquecido e abandonado no Tapanã

Comportamento de vereador, candidato a prefeito, chama atenção da população do Tauá

A hora e a vez da pesca artesanal se materializa com o festival em Igarapé-Miri