Depoimento do carequinha Marcos Valério complica Lula no esquema do mensalão

"À época dos fatos, existia uma íntima ligação política e pessoal entre o representado e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, entendido como o chefe da quadrilha pelo STF. Nesta perspectiva, indaga-se: a teoria do domínio do fato, que foi utilizada para a condenação de José Dirceu, não poderia ser aplicada - e com muito mais razão - ao chefe do próprio José Dirceu?", questionam os dois partidos da oposição.
Na representação, PSDB e PPS indicam reportagens da revista Veja em que Valério afirma que Lula seria o chefe do esquema criminoso e que o publicitário teria pagado propina, a pedido do PT, para silenciar pessoas ligadas ao assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002.
Ambos os partidos também citam memorial encaminhado pelo advogado de Valério ao STF, Marcelo Leonardo, em que afirma que o "mero operador do intermediário seja a pessoa púnica de forma mais severa nesta ação penal, ao lado do tratamento brando que se pretende dar aos verdadeiros chefes políticos e interessados diretos no esquema".
Segundo a oposição, a própria defesa de Valério "traz elementos que colocam em dúvida a frase que reiteradamente foi repetida pelo ex-presidente, no sentido de que ele não sabia de nada".
Na representação, PSDB e PPS pedem que o procurador obrigue a revista Veja a apresentar os indícios do envolvimento de Lula, citados nas matérias publicadas. Os dois partidos afirmam que estavam dispostos a formular a representação desde o mês de agosto, mas decidiram esperar o fim do julgamento para não "tumultuar" a análise da ação penal pelo Supremo. A representação é assinada pelo presidente do PPS, Roberto Freire (SP), o líder do partido na Câmara, Rubens Bueno (PR), além dos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o deputado Mendes Thame (PSDB-SP).
Com informações da Folha de S. Paulo
Comentários
O delegado Roberto Pimentel, diretor jurídico da Associação dos Delegados (Adepol) e presidente em exercício do Sindicato dos Delegados de Polícia do Pará (Sindelp), ao ser procurado disse que a categoria vê com entusiasmo tal posicionamento dos parlamentares estaduais. Falta agora, continua Pimentel, o chefe do poder Executivo dar cumprimento ao reconhecimento do legislador paraense, de que o delegado de Polícia é integrante das carreiras jurídicas do Estado, que inclui o procurador, o defensor e os consultores, precisando assim estabelecer paridade de remuneração com tais categorias. Além de suas atribuições de polícia judiciária, na apuração das infrações penais, o delegado de Polícia historicamente tem sido cotidianamente um mediador de conflitos, principalmente nas comarcas onde não há juiz ou promotor de Justiça, entre os integrantes da comunidade.