Censura à imprensa no século XXI?

Que eu me lembre, esta é a primeira vez que escrevo algo em que o título é uma pergunta, afinal, todo jornalista sabe perfeitamente que nossa função é dizer e não fazer pergunta para o leitor. Nossa função é perguntar, investigar, apurar e depois dizer as coisas como elas o são. Perguntar no título, ou começar um texto fazendo pergunta não é salutar.
Mas quero dizer que ando espantado com as coisas que se fala nos burburinhos da vida, sobretudo, nos corredores e nos porões da nossa política.
Terça-feira passada, meu amigo de infância e juventude, o deputado professor Augusto Pantoja, subiu na tribuna da Assembleia Legislativa, durante o grande expediente, para defender a liberdade de imprensa. Ele disse em alto e bom som que o jornalista deve ter a liberdade de informar. Se ele agir com responsabilidade, tudo bem. Se cometer erros, então, deverá responder por esses. Mas frisou com bastante propriedade, e eu assino embaixo o que ele disse, que, não fosse a atuação dos órgãos de imprensa do país, e não saberíamos nunca dos grande esquemas de corrupção estourados nos últimos anos, como o famoso Mensalão, o Mensalinho, a história da Petrobras pra não citar um por um, o que já seria demais.
Foi mentira da imprensa? Houve exageros? Não.
Dizer que a oposição ao governo pagou para que os órgãos de imprensa divulgassem tais coisas, é, no mínimo, leviano. E mesmo que seja verdade, o que também é corrupção, digno de investigação, o que importa é que a sujeira que estava debaixo dos carpetes veio à tona. Isso é bom para o povo, é bom para a democracia.
No dia seguinte, quarta-feira, o deputado Carlos Bordalo, do PT, subiu à tribuna para dizer que a reportagem da revista Veja às vésperas da eleição no segundo turno fora um golpe sujo contra a democracia e que aquilo não foi jornalismo. É a opinião dele.
A realidade é que os fatos devem ser investigados sim, e com seriedade, a fundo, para se esclarecer quem tem razão, doa a quem doer como disse a presidente Dilma Rousseff.
Bordalo defendeu que se crie mecanismos que coloquem no mínimo um freio a esse tipo de jornalismo. Aí, cometeu seu grande erro, seu grande equívoco, afinal, se isso não é defesa da censura à imprensa, ao direito de dizer-se o que se pensa, não sei como classificar tal ideia.
E censura à imprensa é coisa de ditadura, e, creiam, há muitas formas de ditaduras que, às vezes, é possível que o leigo não se perceba ser manipulado. Muitas vezes, a ditadura está camuflada com falso ideário democrático.

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