Desembargador rico, e morto

Conversava com um advogado, meu amigo, e ele me falava acerca do emblemático caso de um desembargador paraense que morreu e deixou um legado de inúmeros apartamentos, contas bancárias, cofre com três quilos de ouro, investimentos na bolsa de valores etc. A família descobriu essa fábula na hora de fazer o inventário.
O advogado ficou surpreso, afinal, como é que um desembargador, que viveu toda a vida profissional na magistratura, conseguiu juntar tão grande patrimônio?
A estranheza do causídico se dá pelo fato de que o desembargador não herdou nenhuma herança fabulosa, não era filho de empresário, fazendeiro, industrial ou coisa parecida e, mesmo assim, conseguiu ficar tão rico.
Como, perguntou-me o causídico, "ele conseguiu tudo isso trabalhando no serviço público, ainda que com um salário que dá para o sujeito viver muito bem?"
Acusar um morto que não levou nada no caixão de ter levado uma vida de desonesto, corrupto e tantos outros adjetivos dados a personagens conhecidos da política, da magistratura, do executivo, à vista dos costumes, não parece muito ético, não é? No entanto, basta somar-se os valores recebidos por um magistrado ao longo da vida, com descontos de imposto de renda, gratificações e outros benefícios e, facilmente, a matemática vai provar por A mais B, que não é possível, com o salário do serviço público, enriquecer a ponto de se ter valores em bancos inclusive no estrangeiro, imóveis diversos, ouro guardado em cofre particular, investimentos na bolsa de valores e sabe lá Deus quantas coisas mais.

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