30 anos de história e de um sonho




As fotos ao lado mostram momentos de minha caminhada profissional, em família, durante momentos felizes em Belém, Rio, Petrópolis, as riquezas que consegui ao longo de anos de trabalho honesto e totalmente dedicado à missão de informar


















ROBERTO BARBOSA

Eu tinha 17 anos, exatamente há três décadas, quando me lancei de corpo e alma à missão de informar, de procurar a notícia e transformá-la em uma literatura simples, jornalística, ética é séria. Eu queria escrever acerca de todos os assuntos, mas, especialmente, buscar a grande reportagem e dar boas notícias. Contava também, ganhar fama, prestígio e a vida de forma honesta.
Assim, a 24 de junho de 1979, já na fase final da repressão da ditadura militar, com João Baptista de Oliveira Figueiredo na Presidência da República, e com bancas de jornais explodindo em várias capitais brasileiras, nascia o semanário “O Correio Dominical”, que tinha esse nome por circular exatamente aos domingos, ou em edições extraordinárias, muito comum naquela época. O sonho estava lançado e se transformando, com muitas dificuldades, em realidade.
Desde aquela época, aprendi o quanto era dura a missão de ser jornalista, pois, como médicos e padres, não se tem folgas aos domingos e, em nome da boa informação, a gente acaba deixando a família [e a própria vida] de lado para se lançar na reportagem, na edição, cuja recompensa, ainda o é, hoje, ver, no outro dia, todo aquele trabalho escrito e publicado, assim, ajudando-se a escrever as páginas de uma história que nunca terá fim e, destarte, o livro nunca se fechar.
Como sempre gostei de cultura, lembro bem que as festas juninas eram sobre o que eu mais gostava, então, de escrever, mas, a cada semana, um fato – ou fatos - novo a ser explorado me levava a caminhos totalmente diferentes. Minha mãe, Laura Barbosa, e meu pai-adotivo, Benedito José Soares, ficavam observando o que eu estava fazendo. Me apoiavam, mas Dona Laura não refrescava quando eu escrevia matérias violentas contra um regime ditatorial perverso, corrupto e injusto, mas que experimentava um início de abertura política, bem como acontecia com a Perestróica, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (leia-se Rússia).
O Lula começava aparecer por estas bandas da América do Sul, igualzinho a Lech Valessa, na Polônia, com barba e tudo. Começavam a aparecer novos partidos políticos, o PCdoB dava as caras, assim como o PCB, minando o bipartidarismo que se conhecia até então de Arena (Aliança Renovadora Nacional), da situação, e MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que reunia todas as forças da oposição que conseguiram permanecer no Brasil.
Ao Brasil veio o Papa João Paulo II, que também rezou missa em Belém, a qual eu assisti e também cobri, editando o “O Correio” diariamente até o dia em que ele chegou e depois partiu para Terezina, no Piauí. Figueiredo, depois, retirava do ar a TV Marajoara Canal 2 e, com ela, dava por encerrada uma boa parte da história da televisão em Belém, bem como no Brasil, pois a medida atingiu a toda a Rede Tupi de Televisão, dos Diários e Emissoras Associados.
Ocorrem as desavenças entre os então dois líderes políticos do Pará, Jarbas Passarinho e Alacid Nunes, surgindo, em nosso Estado, o Partido da Frente Liberal. Vem as eleições e Tancredo Neves, ainda por voto indireto, é escolhido Presidente da República, cargo este que nunca assumiu por ter caído gravemente enfermo em circunstâncias até hoje não esclarecidas na chamada “Nova República”. José Sarney, que era seu vice-presidente, transformou-se em Presidente da República lançando os planos Cruzado I e II, com gatilho salarial, corrigindo o salário a cada instante que a inflação galopava, corroendo a economia nacional, afundando o país nas dívidas com o Fundo Monetário Nacional.
É...quanta coisa!
Nesses 30 anos, “O Correio Dominical” parou de circular. Eu saí pelo mundo, já fiz todo tipo de reportagem, já vi tanta coisa, já fui editor de jornais diários, semanários, revistas; passei por assessorias de imprensa, agências de notícias, agências de publicidade e agora, estou na rede mundial de computadores e voltando a trabalhar, novamente, em jornal diário que me tira o sossego de domingos e feriados...
Mas, dou graças a Deus, porque, por meu sonho, tenho vivido todos esses anos. A riqueza financeira não veio, mas o prestígio, o respeito profissional, a ética, o discernimento, fazem parte de outro tesouro que ninguém vai me tirar, até porque, nessa batalha diária, ainda estou procurando a grande reportagem.

Comentários

Denis Aragão disse…
Grande Roberto. Um exemplo de profissional. Conheci apenas o trabalho desse competente jornalista durante a invasão do MAB à Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Na época, Roberto foi meu editor pelo Diário do Pará no caderno Regional por cerca de um ano. Sou grato pela oportunidade dada. Esse merece reverências. Muito sucesso meu caro - e permita-me, meu amigo.

Denis Aragão - Tucuruí - Pará

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