Que imprensa queremos?

Por Jornalista Enize Vidigal

O acesso a informação é um serviço de utilidade pública e, como tal, necessita ser zelado, cuidado, lapidado com responsabilidade e seriedade. Infelizmente, apesar da nossa recém-extinta lei de imprensa ter previsto a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de Jornalismo, essa letra nunca foi fato. E, agora, o STF vem oficializar uma situação que a categoria jornalística enfrentava, com a dificuldade de fiscalização, pela falta de um Conselho Federal que zelasse pela ética na profissão.
Baixos salários são a porta de entrada para muita gente que, desistiu do curso pelo meio do caminho, não deu certo em outra profissão ou, pior, ainda, sequer estudou. Li com preocupação pessoa do meio jornalístico se vangloriando: “estudei até a 8ª série”.... Nada pessoal, mas, respeitosamente, é uma situação lamentável! Ainda bem que, mesmo defendendo o jornalismo sem diploma, o que é muito democrático, a mesma pessoa anuncia que ainda quer fazer o curso algum dia. Que bom!
Sabe-se que o diploma não é garantia de qualidade ou de ética, assim como em outras profissões, o bom desempenho também está condicionado a condutas individuais. Mas é lógico que sem o diploma é que a situação vai ficar de mal a pior. Também me preocupa é o precedente – pra não dizer ameaça - que essa decisão abre para outras profissões. Basta uma entidade patronal mover uma ação qualquer para desestabilizar uma profissão.
Assistimos hoje a um golpe ao jornalismo responsável e à classe trabalhadora que dedicou uma vida inteira para informar bem a população. Essa decisão foi um retrocesso de 40 anos à categoria. É o momento de avaliarmos que imprensa queremos para o nosso País. Pois sem instrumentos de controle social (registro profissional), sem preparo acadêmico, banalizada por baixos salários, analfabeta até (porque tá liberado!), sem documento (diploma) e sem nacionalidade, o que teremos?
Nessa celeuma, o mais importante é que o diploma não foi extinto. Ele ainda é um importante divisor de águas entre o zelo e a oportunidade. E, como bem disse a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-Pará), Sheila Faro, deve servir de estímulo pra que os jornalistas diplomados continuem se aperfeiçoando e lutando pelo seu espaço no mercado de trabalho.

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