Escândalo no Senado... Novidade!

ROBERTO BARBOSA

O intocável homem que antigamente dizia “Brasileiros e brasileiras”; que é acusado de ter levado o porto de Itaqui para o Maranhão, quando o projeto inicial, era para o Estado do Pará; que aumentou para cinco – quando eram apenas quatro, - os anos que ficou na Presidência da República, onde entrou pela janela com a morte de Tancredo Neves; que fez os planos Cruzado I e II, com direito a gatilho salarial; que se mudou do Maranhão para o Amapá, elegendo-se senador ao mesmo tempo que a filha, agora governadora doente no Maranhão, seu Estado de nascimento, agora, vê-se em meio a uma grande (e forte) turbulência com mais um escândalo para resolver, desta feita, na questão dos chamados “ato secretos” (medida para criar cargos ou aumentar salários sem conhecimento público.
José Sarney caiu em contradição, segundo matéria publicada na Folha de S. Paulo de hoje pelos jornalistas Andreza Matais e Adriano Ceolin. Ele disse que o novo escândalo na Casa decorria de erros técnicos, ao passo que o chefe do serviço de publicação do boletim de pessoal do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim, afirmou o contrário. Disse que ele segurava a publicação de muitos atos secretos por determinação do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi ou do ex-diretor geral Agaciel Maia.
Landim recebia ordens para segurar a publicação até que fosse decidido em contrário. Ao todo, segundo levantamento da reportagem, nos últimos 14 anos foram editados 623 atos secretos, ou seja, medidas que não “interessavam” à população que mantém a farra da ordenha mecânica do Poder Legislativo.
Não sei o que Sarney vai dizer agora.
Já assistimos, nos últimos anos, inúmeros políticos poderosos serem derrubados ou renunciarem ao cargo como mecanismo para não serem cassados e, assim, voltarem depois à casa de onde se retiraram, pelo voto popular, isto porque o povo acaba sendo sempre iludido e votando nesse pessoal. Saíram políticos do Pará – que já voltaram, assim como de Brasília e da Bahia, para não citar uma infinidade.
Todavia, acredito que o presidente do Senado, José Sarney, se não se desculpar publicamente ou apresentar uma versão bem convincente, poderá, perfeitamente, enfrentar processo no conselho de ética por falta de decoro parlamentar – isso se esquecendo que por trás desses “atos secretos”, ocorria muita bandalheira, muito desvio de recursos.
Sarney convocou uma entrevista coletiva para o final da manhã de hoje, ocasião em que irá dizer quais as medidas administrativas que irá tomar com fulcro de investigar as irregularidades que estouraram agora em sua gestão como presidente do Senado. O senador Pedro Simom, que deverá reunir com seus pares na próxima segunda-feira, disse que achava que já estivessem chegado no fundo do poço, todavia, parece que ainda existem regiões abissais a serem desbravadas no mar de escândalos na Casa.
Caso as medidas de Sarney não sejam fortes o suficiente para moralizar o Senado, é possível mesmo que ele seja acusado de compactuar com tudo o que está se passando, como destaca o senador Renato Casagrande, que defende a participação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nas investigações.

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