Lider e Nazaré são denunciados por sindicalistas da Fetracom e UGT

ROBERTO BARBOSA

Desrespeito às leis e aos trabalhadores em supermercados de Belém pelas redes Nazaré e Líder foram denunciados pelo Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Supermercados, Shopping Center e Mini-Box e do Comércio Atacadista, Varejista de Gêneros Alimentícios do Município de Belém e Ananindeua – SINTCVAPA que defende a aplicação imediata da Lei Federal 11.603 de 2007, segundo a qual, esses estabelecimentos não podem abrir aos domingos e feriados sem que haja uma convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho entre os sindicatos da classe e o patronal. Os supermercados Líder e Nazaré rasgaram a lei e abriram desde o feriado da Sexta-Feira Santa, obrigando seus funcionários a trabalhar dia e noite sem direito a folga para um descanso, lazer e para ficarem algum tempo em companhia de suas famílias.
Na sexta-feira, 29/05, com o apoio de diversos sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços do Pará e Amapá – Fetracom, - os funcionários do Líder e Nazaré foram defendidos durante manifestações que se realizaram sob chuva forte em duas oportunidades, na frente do Líder Batista Campos e do Nazaré Duque de Caxias. O presidente da Fetracom, José Francisco Pereira, o conhecido Zé Francisco, foi um dos sindicalistas que se pronunciaram em favor dos trabalhadores lembrando que eles próprios não poderiam, de forma alguma, paralisar as atividades naquele momento para estar na frente dos estabelecimentos fazendo as denúncias, do contrário, seriam demitidos sumariamente. Todavia, o sindicato da categoria está observando tudo, inclusive “as irregularidades existentes no interior desses estabelecimentos, como falta de higiene, venda de produtos com data de vencimento alterada, ratos e baratas nos depósitos, carne estragada, além da submissão dos funcionários a práticas escravizadoras”.
O presidente do SINTCVAPA, Antonio Caetano, lembrou que pela Lei Federal 11.603, os trabalhadores no Comércio fizeram um acordo e não trabalhariam mais nos feriados de 1º de janeiro, carnaval, Sexta-feira Santa, 1° de Maio, Dia do Círio, Dia do Comerciário (Recírio), e Natal. Todavia, Líder e Nazaré conseguiram uma liminar assinada pelo desembargador Miguel Pantoja e funcionaram normalmente na Sexta-Feira Santa e 1° de Maio. O sindicato da categoria recorreu da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho por não acreditar mais na Justiça do Trabalho no Pará, onde a liminar foi confirmada pelos desembargadores Vicente Malheiros, Georgenor Franco e Rosita Nassar, do Tribunal do Trabalho 8ª Região. Inclusive, segundo disse Caetano, um dos desembargadores, Vicente Malheiros, chegou a humilhar a promotora de Justiça do Trabalho, Rita Moita, que defendia a aplicação da Lei. Malheiros falou para a fiscal da Lei que ela estava ali para opinar, mas ele estava ali para julgar e bateu o martelo a favor da classe patronal, rasgando a Lei e fomentando a prática de trabalho escravo, já que os funcionários de Líder e Nazaré não tem direito de sair do serviço sequer para almoçar, tendo que fazer suas refeições nos próprios supermercados onde trabalham, pagando um preço de R$ 30,00 pelo quilograma da comida. No final, na hora de acertar as contas, em geral, ainda estão é devendo para os patrões, tal qual acontece com a escravidão branca tão denunciada pela própria Delegacia Regional do Trabalho, em fazendas do interior do Estado do Pará.
Zé Francisco, que proferiu palavras de ordem em companhia de outros sindicalistas, como o veterano Gabriel Camarão, Benedito Bené Belém, da UGT-Pará, Ivan Duarte Pereira, do SEC, entre outros, disse que a decisão dos desembargadores do TRT-8ª Região foi desumana, insensível e desonesta, dado que julgaram contra uma lei municipal em vigor, esquecendo as conquistas dos trabalhadores, que se esforçam e ganham tão pouco pelo muito que fazem. Depois de discursar, Zé Francisco saiu para o trabalho de campo, procurando convencer os consumidores que chegavam ou saíam do Nazaré Duque de Caxias, a apoiar a luta dos trabalhadores, evitando, pelo menos, fazer compras nesses estabelecimentos aos domingos, feriados ou de madrugada, pois, só assim, os patrões podem se convencer de que seus funcionários são seres humanos, de carne e osso, que necessitam de descanso, lazer e convívio com seus familiares, bem como, de salários mais justos.

Comentários

Eduardo disse…
Esse é o preço da modernidade. Em vários Estados e Países muitos mercados trabalham sábado, domingo, feriado e também 24 horas. Tenho certeza que tudo isso é acertado com os sindicatos dentro das convenções coletivas. Porque somente aqui em Belém é esta frescura para as coisas acontecerem. Estamos "gatinhando" perante aos outros estados. Belém tem que andar para frente e acabar com esse pensamento arcaíco de muitas pessoas. Temos que progredir e avançar rumo a modernidade.

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