As festas parecem estar acabando

ROBERTO BARBOSA

Apesar de que tem muita gente que não tem espírito de saudosismo, só quer saber das coisas atuais e do futuro, acho que, muitas vezes, recordar um pouco, como diz o ditado, é sempre viver um pouco mais, sorrir um pouco mais quando essas recordações nos trazem alegrias de tempos que não voltam mais.
Estamos em plena quadra junina, onde se homenageiam Santo Antonio, um dos santos mais queridos e populares da igreja, sobretudo no Brasil, Portugal e Itália, onde morreu; São João e São Pedro. Ainda tem o São Marçal, em cujo dia, a 30 deste mês, a cultura popular mostra a fogueira de paneiro.
Em torno dessas festas se uniram várias danças, tradições e um cardápio bastante diversificado. As festas, chamadas também de “terreiro na roça”, já não existem mais nas grandes capitais. Em Belém, havia muitas, com aparelhagens e apresentações de quadrilha. Hoje, a única festa mais ou menos típica, é aquela realizada oficialmente pela prefeitura, na Praça Waldemar Henrique, assim como, nos distritos municipais de Outeiro, Icoaraci, Mosqueiro, Cotijuba e outros.
Tem algumas poucas iniciativas particulares, porém, devido a violência, as autoridades acharam por bem frearem muitas coisas, como festas com aparelhagens, festas no meio da rua. Enfim, há muitas limitações para que a gente possa ver ou participar de uma dança típica, como quadrilha, boi-bumbá, carimbo, apresentações de pássaros, casamento na roça, entre outros.
E o aluá? Quem ainda está fazendo? Quem sabe fazer?
Será que todo mundo sabe, no Pará, e especialmente, em Belém, o que é aluá? Uma bebida típica da quadra junina com milho, gengibre e uma série de outros ingredientes que são fermentados em um pote e o líquido, depois, servido durante as festas de lual, antecedidas pelas ladainhas em homenagem a Santo Antonio, São João e São Pedro, iluminadas, ainda, por fogueiras.
Ah, as fogueiras! Estas quase já não existem, porque quase todo mundo tem calçada e as ruas, quase todas, são pavimentadas. Não tem mais lenha pra queimar nem meninos dispostos a se divertir procurando madeira de restos de construções para fazer aquele fogaréu e jogar foguetinhos.
Quando eu iniciei minha carreira profissional, há 30 anos exatos, foi por esta época, onde eu, como repórter – ainda foca, - era mandado a fazer reportagens sobre as festas juninas. Quanta coisa bonita do nosso folclore, da nossa história e que, hoje, quase não se vê mais.
Mas, viva Santo Antonio, São João e São Pedro!

“Santo Antonio disse, e São Pedro confirmou que você vai ser minha comadre que São João mandou...”

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