Brasil respira Carnaval

Apoteose do bloco carnavalesco Pretinhos do Mangue, que foi mostrado em rede nacional nesta tarde pela Rede Globo de Televisão. Foto: Eliseu Dias, Agência Pará

ROBERTO BARBOSA

Ainda há pouco eu conversava com meu cunhado que mora no Rio de Janeiro, a capital do Carnaval. Gustavo me dizia: "Roberto, aqui está tudo fechado, tudo parado. Não tinha nem aonde eu comprar algo pra comer. Tive de andar muito pra fazer um lanche".

Em Belém não é diferente. Embora não seja feriado oficial, só pelo fato de os bancos estarem fechados, o feriado já está decretado e, se não estivesse, provavelmente, as pessoas estariam trabalhando a contragosto.

Só em Brasília é que as atenções se voltam, agora, para dois pontos, na questão do governador José Roberto Arruda: quando é que ele vai deixar a prisão, já que está muito abatido, segundo seu advogado de defesa, e sobre a votação da Câmara Legislativa por seu impeachment.

Arruda está passando o carnaval na cadeia, acusado de chefiar o esquema de corrupção que ficou conhecido como "Mensalão do DEM", a cujo partido não pertence mais.

Essa votação já deve acontecer a partir dessa quinta-feira, ou seja, depois das Cinzas e do Carnaval, o que indica que o clima vai esquentar na capital da República, onde o presidente Lula está pedindo aos foliões brasileiros, que não se excedam.

Fora disso, só se fala em Carnaval. Se tudo está parado, não se pode dizer o mesmo dos foliões ou de quem deixou as capitais para procurar refúgio e descanso no interior do Estado, onde destacam-se os carnavais de Cametá, Vigia, Bragança e de Curuçá, onde os brincantes aproveitaram para protestar contra os atentados que podem levar ao fim dos manguezais de onde sai o saboroso caranguejo.

E, por falar em caranguejo, ninguém pode pensar em brincar Carnaval nestes dias e comer qualquer caranguejo. O crustáceo está no seu terceiro período de defeso. Tem de se ter cuidado com o que vai ser adquirido, do contrário, poderemos, sem querer, estar cooperando para que o saboroso produto não possa mais se reproduzir.

Ainda teremos mais dois dias de deslifes em Belém, Icoaraci, Mosqueiro e Icoaraci. Não custa nada pedir que as pessoas tomem cuidado para brincar de forma sadia, humana, a fim de que voltem em paz para suas casas.