Novo bispo quer conhecer o povo e o Círio


Dom Alberto Taveira, novo arcebispo metropolitano de Belém

Arcebispo fala que vai manter o canal de comunicação com as autoridades e que a igreja continuará cidadã, com as bandeiras de interesse da sociedade, como a paz

ROBERTO BARBOSA
Conhecer o povo para viver a igreja; seguir as metas previamente estabelecidas no Plano de Pastoral sem alterar o que já está em andamento e pastorear o rebanho com o mesmo entusiasmo de quando se ordenou sacerdote há 36 anos. É com esta filosofia de vida que o mineiro Dom Alberto Taveira Correia está vindo para assumir o comando da Arquidiocese de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Desde terça-feira em Belém, o novo arcebispo metropolitano, que toma posse na Catedral Nossa Senhora de Belém no dia 25 de março, concedeu entrevista coletiva à imprensa na manhã desta quinta-feira, na Cúria Metropolitana, oportunidade em que disse que não pode falar nada sobre o Círio, pois é um aprendiz que irá conhecer como um adolescente que chega cheio de perguntas. “São vocês que devem me dizer como é o Círio”, falou.
Dom Alberto Taveira se fazia acompanhar do administrador diocesano de Belém, Monsenhor Cid (Raimundo Possidônio Carrèra da Mata). Antes de responder às perguntas dos repórteres presentes, aos quais foi servido um café da manhã, o arcebispo fez uma explanação acerca de suas impressões nessa primeira visita a capital do Estado do Pará. Falou, por exemplo, que veio de carro porque queria conhecer o seu novo Estado, onde vai pastorear como sacerdote. “Eu vim para conhecer o povo, porque o povo é a igreja. Eu até agradeço por não ter, no meu roteiro, visita a pontos turísticos. Essas visitas vão acontecer em seu tempo. Minha missão é conhecer a igreja, o meu povo, os meus sacerdotes.
Perguntado se ia fazer mudanças, o arcebispo disse que, pelo contrário, irá dar continuidade ao que está sendo realizado e aprimorar, conforme for tomando conhecimento. Sobre seu encontro, ontem, com as autoridades, como a governadora do Estado, Ana Júlia Carepa, e Duciomar Costa, prefeito de Belém, Dom Alberto falou que foram reuniões informais muito importantes, pois a Igreja caminha como instituição cidadã que está vivenciando tudo o que acontece. Segundo ele, é importante manter abertos os canais de comunicação com as autoridades. Entretanto, ele não veio para governar com as autoridades. “Sou enviado pastor, não governador”, disse. Cada um desempenha as suas funções respeitando as suas particularidades. No caso da Arquidiocese de Belém, a sua particularidade é guiar o povo na evangelização, com o que, acredita, o mundo vai caminhar para a paz, para o bem comum e para Cristo, missões fundamentais do Catolicismo.
Dom Alberto Taveira disse estar entusiasmado para o novo desafio que lhe foi proposto pelo Papa Bento XVI, de dirigir a Arquidiocese de Belém, uma das mais importantes do Brasil. Lembrou que vinha trabalhando em Palmas, cuja Arquidiocese praticamente foi ele que fundou, mas que, como sacerdote, tem de estar pronto e entusiasmado para desempenhar sua missão aonde quer que seja, assim como Cristo mandava os apóstolos de dois em dois. “Sempre rezo ao Senhor. Pode me tirar tudo, mas não me tire o entusiasmo”, disse o sacerdote, acrescentando que está com o mesmo vigor, de quando ordenou-se padre. “Trago vários sentimentos no meu coração: entusiasmo, ternura em Deus e não vou economizar energias”, disse.

SEMANA SANTA
De acordo com Dom Alberto, ele vai chegar em definitivo para a posse, no dia 24 de março, depois do almoço. Ele vai participar de uma agenda cultural à noite e, pela manhã do dia 25, com a presença do Núncio Apostólico no Brasil (representante do Papa Bento XVI), Cardeal Dom Lorenzo Baldisseri, depois da leitura da Bula Papal na qual é nomeado Arcebispo de Belém, toma posse a passa a presidir a Santa Missa na Catedral Metropolitana de Belém. Na semana seguinte, já preside, na mesma igreja, todas as solenidades do Tríduo da Semana Santa que começa com a celebração do Domingo de Ramos e termina com a Páscoa. Inclusive, será ele que irá fazer o Sermão das Três Horas de Agonia, na Capela do Colégio Santo Antonio, tradicional celebração da Sexta-Feira Santa que só ocorre em três cidades brasileiras, uma forma de se adaptar aos costumes da capital paraense e da vida da Igreja em Belém.
Por fim, Dom Alberto Taveira foi questionado se já está pronto para adotar a exótica culinária paraense. Houve muitos risos. Ele respondeu que já começou experimentando o tacacá, pois é um apreciador de camarão, embora a saúde exija limitações. E falou que, ao seu tempo, irá saborear de tudo o que tem da culinária paraense, lógico, sem dietas, mas procurando não exagerar para manter a saúde de ferro, já que os desafios são grandes, tanto, que pretende ter um bispo auxiliar. Ele irá dizer ao Papa Bento XVI que a Arquidiocese de Belém tem grandes dimensões e que há, realmente, a necessidade de um bispo auxiliar, a exemplo do que aconteceu nos governos de seus antecessores, Dom Alberto Gaudêncio Ramos e Dom Vicente Joaquim Zico.

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