A certeza e a decepção

ROBERTO BARBOSA

Um jogo de futebol, a ação já o diz: é um jogo, uma loteria, onde ganha quem jogar melhor ou for mais esperto. Um torcedor azulino, ontem de manhã, apostava todas as fichas, todos os cartuchos quanto à certeira vitória do Clube do Remo sobre o Águia de Marabá. A vitória estava garantida, dizia o torcedor, afinal, o Remo é um clube experiente, com vários títulos no Parazão.
Apostava ainda no fato de que apenas REXPA é que dá renda e que os cartolas, no fim, “se entenderiam” para que na final desse um confronto entre os dois clubes rivais e de maior torcida do Pará.
Apostas foram feitas. Havia gozação de todas as partes, inclusive dos bicolores dizendo que gostariam de ver o Águia detonar o Leão. Mais risos ainda, tamanha era a confiança do torcedor azulino. “Nem tu secando vais conseguir que o Águia leve o título do segundo turno. O bicola vai enfrentar as garras e os dentes do Remo a partir do próximo domingo”, diziam outros.
Aí, começou o jogo. Uma partida apática, sem grandes lances. Mas...era início de jogo, e o Leão só precisava de um empate para se sagrar o campeão do segundo turno. Ainda havia muito jogo. Mas a partida foi transcorrendo, veio o primeiro gol do Águia.
“Melhor ainda. De virada é mais legal”, gritavam azulinos confiantes. Acabou o primeiro tempo. A aposta era que tudo mudaria no segundo tempo. Não deu certo. Saiu o segundo gol de um desesperado time do interior paraense querendo conquistar o feito de chegar à final do Parazão e participar de uma competição de nível nacional como a Copa do Brasil.
Azulinos começaram a murchar. O silêncio começou a tomar conta de muitos que, finalmente, abriram os olhos: o Remo não estava avançando, não estava jogando nada; quem jogava melhor, quem dominava o campo do “Zinho Oliveira” de Marabá, era, de fato, o Águia.
Chegavam os momentos finais da partida e o Remo havia tido apenas duas oportunidades de marcar, mas não teve sorte – como diria depois um dirigente e um jogador remista tentando justificar o injustificável. O Águia se sagrava o campeão do segundo turno, ganhando o direito de participar da Copa do Brasil e de enfrentar o Paissandu em dois turnos, o primeiro, no Estádio Zinho Oliveira, onde o Remo foi aniquilado humilhantemente, e o segundo no Mangueirão, casa de Remo e Papão. A festa foi azul, mas, do Águia, de Marabá. O Remo volta pra casa, de férias, para juntar, depois, o que sobrou e participar da Série D.
Se o Papão for de salto alto, o campeão será mesmo o Águia, um feito na história do futebol paraense.

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