Ministros e os números da hipocrisia

ROBERTO BARBOSA

Os ministros Paulo Bernardo, do Planejamento, e Guido Mantega, da Fazenda, não se fizeram de rogados e disseram, com todas as letras, de suas intenções de pedir ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, vete a queda do fator previdenciário, assim como, o aumento de 7.7% para os aposentados. Argumentam que seria um rombo maior ainda nos cofres da Previdência Social.
Paulo Bernardo e Mantega não são candidatos, não são pobres e pensam apenas com os números. Lula também não é candidato, mas quer eleger Dilma Rousseff sua sucessora. Em ano eleitoral, não é fácil enfrentar os aposentados, que estão fora do trabalho, porém, tem títulos de eleitores e somam grande parcela da população brasileira.
Interessante se faz admitir dois pontos importantes: os números dos ministérios da Fazenda e Planejamento não estão errados; se o estiverem, é para mais ou para menos em pequena densidade numérica. Mantega diz que conceder um aumento para os aposentados nos patamares aprovados pelo Senado seria um grande erro e prejuízo para o futuro. Também fala que o fator previdenciário derrubado, significa o fim da Previdência Social.
Segundo ponto: enquanto os números do governo apontam para a contenção de gastos inclusive com os aposentados, há milhares de buracos nas veias financeiras, por onde escapam milhões em verbas que vão parar nas meias, nas cuecas, nas bolsas, nas contas dos paraísos fiscais, nas negociações políticas, nas más gestões de toda sorte da máquina administrativa nacional, estaduais e municipais, além, claro, dos outros poderes, por onde a corrupção, se sabe, também campeia com o chamado “jeitinho brasileiro”.
Ora, é muito fácil negar aumento para o aposentado. Ele não trabalha mais. Não se leva em consideração o quanto essa gente toda já trabalhou. Também não se leva em consideração o que disse, certa vez, o saudoso Papa João Paulo II. Ele dizia que na nossa contemporaneidade, vivemos num mundo onde os ricos estão cada vez mais ricos às custas do escárnio dos pobres cada vez mais pobres. No Brasil, não obstante ao assistencialismo eleitoreiro feito por Lula, a população de um modo geral está cada vez mais no fundo; ao passo que os poderosos, estão cada vez mais altos, querendo mais e mais iguais a famintos tubarões que nunca estão saciados.

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